Serviços: em 2015, ano em que o PIB caiu 3,8%, os serviços registram queda em seus principais indicadores (foto/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 22 de setembro de 2017 às 10h49.
O agravamento da crise econômica em 2015 interrompeu um período de sete anos de crescimento do setor de serviços no Brasil, informou hoje (22) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Desde o início da série histórica da Pesquisa Anual dos Serviços (PAS), em 2007, o IBGE registrou crescimento em dados como número de empresas, pessoas ocupadas e massa salarial real na área de serviços, além do valor adicionado pelo setor à economia.
Em 2015, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 3,8%, os serviços registram queda em seus principais indicadores.
Segundo o IBGE, vários fatores influenciaram o desempenho negativo do setor. Entre eles, está o fraco desempenho do consumo das famílias, que caiu 4% com a retração da renda e do mercado de trabalho. Ainda de acordo com o instituto, houve piora nas condições de crédito e aumento da inflação, que chegou a 10,6%.
O número de trabalhadores ocupados pelo setor de serviços atingiu o pico de 12.986.478 pessoas em 31 de dezembro de 2014, ano em que teve o menor crescimento da série histórica até então: 4,14% sobre 2013.
Em 2015, a desaceleração virou uma queda de 2,34% no número de empregados, que recuou para 12.681.957, segundo o IBGE. Em 2007, os serviços empregavam 8,3 milhões de pessoas.
Entre as atividades pesquisadas, apenas os serviços prestados às famílias (+0,09%) e as atividades imobiliárias (+5,09%) tiveram variação positiva no número de empregados.
Principais empregadores, os serviços profissionais, administrativos e complementares tiveram queda de 3,4%, de 5.247.882 de funcionários para 5.069.708.
O gerente da pesquisa, Luiz André Paixão, destacou que o cenário econômico causou impacto principalmente nos postos de trabalho das atividades ligadas ao recrutamento de profissionais: "Dentro desses serviços, os que mais fecharam postos de trabalho foram os de agenciamento e locação de mão de obra. Com menos empresas produzindo, você precisa menos de pessoal de apoio".
A massa salarial paga aos trabalhadores do setor em valores reais havia crescido mais de 5% em todos os anos da pesquisa e caiu 5,63% em 2015, para R$ 314,9 bilhões. Em 2007, essa soma não chegava a R$ 180 bilhões.
O salário médio real dos trabalhadores do setor de serviços também foi afetado pela crise econômica em 2015. O valor médio caiu 4,6%, de R$ 1.959,30 em 2014 para R$ 1.869,38.
O melhor salário médio real em 2015 foi pago pelos serviços de comunicação e informação, com R$ 3.830,64, apesar da queda de -5,15% sobre 2014. Os serviços prestados principalmente às famílias pagavam os menores salários em 2015, de 1.177,76.
O número de empresas do setor de serviços também caiu, de 1.321.998 em 2014 para 1.286.621 em 2015. Assim como o número de empregados, a quantidade de empresas no setor mantinha uma trajetória de ascensão desde 2007, quando eram 782.174 os estabelecimentos contabilizados pelo IBGE.
Em 2009, ano em que houve o impacto da crise financeira internacional, o setor de serviços brasileiro teve um aumento de 7,08% no número de empresas.
A receita operacional líquida real do setor acompanhou os outros dados e também caiu em 2015. Foi registrada queda de 2,38% e uma receita de R$ 1.443 trilhão.
O valor real adicionado pelo setor de serviços à economia em 2015 foi de 855,9 bilhões, segundo o IBGE. Esse valor representa queda de -3,48% em relação a 2014, o único recuo anual registrado desde 2008 - primeiro ano em que a série permite comparações com o ano anterior.
O desempenho negativo do setor em 2015 incluiu ainda uma queda da produtividade, medida pela divisão do valor adicionado à economia pelo pessoal ocupado.
Cada trabalhador gerou em média R$ 66.041,67 para o setor durante o ano de 2015, um valor 2,41% inferior aos R$ 67.673,72 gerados em 2016. Em 2007, esse valor médio era de R$ 60.044,24.