Sede do BES, em Lisboa: ministro disse que crise do banco é revés econômico para Portugal (Patricia de Melo Moreira/AFP)
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2014 às 15h36.
Lisboa - O governo de Portugal reconheceu nesta quinta-feira que a crise do Banco Espírito Santo, o maior do país, e o grupo do qual ele faz parte representa um "revés" para a economia local justamente quando ela chegava ao fim da recessão.
"É evidente que uma economia como a portuguesa se ressente em uma situação tão grave como a de um grupo tão grande como o Espírito Santo", disse à imprensa o ministro de presidência, Luís Marques Guedes.
O ministro também admitiu que a crise que o grupo atravessa foi debatida no conselho de ministros de hoje e que é "acompanhada" com atenção pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque.
"À medida em que a gravidade da situação se tornar maior ou menor, o impacto na economia também será mais ou menos importante", ressaltou.
As turbulências que afetam o conglomerado, composto por várias sociedades e empresas em risco de quebra, afetaram totalmente o Banco Espírito Santo (BES), que ontem divulgou o maior prejuízo de sua história, de 3,57 bilhões de euros no primeiro semestre.
Além disso, o supervisor financeiro português revelou que existem dúvidas sobre a gestão da instituição e que se vislumbram "ilegalidades".
"Isso tem que ser tratado pelos responsáveis pela regulação do sistema financeiro, que é o que está acontecendo, e temos a confiança que funcionarão os mecanismos de um estado de direito para essas situações", declarou o ministro da presidência.
Marques Guedes, no entanto, afirmou também que espera que a economia portuguesa tenha "elasticidade" suficiente para diminuir o impacto da previsível queda do conglomerado empresarial controlado pela família Espírito Santo, uma das mais ricas e poderosas de Portugal.
Sobre a possibilidade de o BES precisar recorrer a fundos públicos, o porta-voz do governo se limitou a afirmar que o plano de recapitalização "passa pelo mercado privado em primeiro lugar".