Economia

Crise de 2008 desestimulou a abertura de terceirizadas

Estudo feito pelo Ipea mostra que número de novas empresas no setor caiu 66,5% depois da crise

“Esse é um momento de ajustes por causa de uma maior dificuldade em nível mundial. Ainda não sabemos se significará uma estabilização do setor”, disse o presidente do Ipea, Marcio Pochmann (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

“Esse é um momento de ajustes por causa de uma maior dificuldade em nível mundial. Ainda não sabemos se significará uma estabilização do setor”, disse o presidente do Ipea, Marcio Pochmann (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2011 às 16h30.

São Paulo- Depois de mais de uma década de forte crescimento, a abertura de empresas de terceirização no estado de São Paulo caiu após a crise financeira de 2008, que teve origem no mercado imobiliário dos Estados Unidos e que contaminou as economias ao redor do planeta. A conclusão é de um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Entre 1995 e 2008, foram abertos, em média, 355 empresas de terceirização por ano, número que foi reduzido para 119 entre 2008 e 2010, uma queda de 66,5%. Entre 1985 e 1994 surgiram, em média, 41 empresas de terceirização por ano.

Até 2010, a Região Sudeste concentrava 5.342 empresas terceirizadas, que correspondem a 98,3% desse mercado. Dessas, quase todas (98,6% ou 5.178 empresas) se estabeleceram em São Paulo, empregando cerca de 700 mil trabalhadores. Quase metade dessas vagas (49,5%) foi aberta para fornecer mão de obra a serviços auxiliares de atividade econômica. Só em São Paulo, foram abertas, em média, 203 empresas do setor por ano, enquanto o Rio de Janeiro registrou média de apenas l,6 e Minas Gerais, l,l.

O ritmo de crescimento, em São Paulo, é maior entre as empresas de menor porte, com menos de 50 funcionários, que passou de 54% do mercado em 1985 para 65% no ano passado. O segmento das companhias que tinham entre 50 e 249 empregados praticamente manteve o ritmo de crescimento, de 23,9% para 23,6%. Entre as grandes empresas de terceirização, com mais de 250 empregados, o movimento se inverteu. Essas companhias perderam fatia de mercado nos últimos 25 anos, caindo de 21,4% de participação em 1985 para apenas 11,4% no ano passado.

“Esse é um momento de ajustes por causa de uma maior dificuldade em nível mundial. Ainda não sabemos se significará uma estabilização do setor”, avaliou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann. Ele defendeu a necessidade de uma política pública para o setor de terceirizações como forma de “reduzir as desigualdades de contratações, condições de trabalho e, mesmo, de competição entre as empresas”. Ele observou que, apesar de responsáveis por cerca de 70% da geração de postos de trabalho no país, as terceirizadas pagam salários mais baixos. Citando um estudo do Ipea divulgado em outubro, o economista informou que os ganhos dos terceirizados correspondem a, praticamente, metade do que recebem os funcionários efetivos.

O levantamento foi feito com base em informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, e de dados do Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros do Estado de São Paulo (Sindeepres), o maior sindicato de trabalhadores terceirizados e temporários do Continente Americano, com 160 mil associados e representando mais de 700 mil trabalhadores do setor no estado de São Paulo.

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