Moody's: “a gravidade da recessão em curso vai levar ao aumento dos atrasos nos pagamentos e calotes ao longo dos próximos dois anos”, escreveram analistas (REUTERS/Brendan McDermid)
Da Redação
Publicado em 27 de abril de 2016 às 19h09.
Os bancos brasileiros farão menos concessão de crédito imobiliário neste ano com a alta das taxas de inadimplência em meio à pior recessão do país em mais de um século, segundo a Moody’s.
A Caixa Econômica Federal, responsável por quase três quartos dos empréstimos à habitação no Brasil, também enfrenta custos de financiamento mais elevados, colocando em risco sua capacidade de conceder novos financiamentos, disse a Moody’s em um relatório. A queda na renda familiar e custos mais altos para crédito vão pesar sobre a demanda por imóveis residenciais pelo menos até meados de 2017, segundo o relatório.
“A gravidade da recessão em curso vai levar ao aumento dos atrasos nos pagamentos e calotes ao longo dos próximos dois anos”, escreveram analistas da Moody’s, incluindo Ceres Lisboa e Cristiane Spercel.
O Brasil está sofrendo com um cenário que inclui recessão, desemprego alto e uma inflação que excede a meta do banco central há anos, o que pesa sobre a demanda por novas residências e dificulta a tomada de empréstimos. O governo tem usado os bancos estatais para impulsionar o crédito em um esforço para estimular o crescimento, mas o temor maior em relação às contas públicas do país tem tornando essa estratégia cada vez mais insustentável.
A Caixa tem recorrido ao fundo de garantia e buscado outras fontes mais caras de financiamento para sustentar a concessão de financiamentos imobiliários após esgotar o montante que podia emprestar com base na poupança, segundo a Moody’s. Como resultado, a rentabilidade do banco está caindo.
O crédito da Caixa cresceu a um ritmo anual médio de quase 36 por cento entre 2011 e 2014, avanço que diminuiu para cerca de 12 por cento no ano passado, segundo balanço mais recente do banco. Mesmo após a desaceleração, o crescimento dos empréstimos da Caixa no ano passado foi duas vezes mais rápido que a expansão de 5,9 por cento do Banco do Brasil.
“A Caixa continuará a enfrentar a maior pressão entre os bancos que procuram fontes alternativas de financiamento, porque o tamanho da sua carteira já ultrapassa seus depósitos de poupança”, escreveram os analistas da Moody’s.