Criação de porcos: se as medidas apresentadas pelo governo não conseguirem solucionar a crise, alguns produtores serão obrigados a fechar suas granjas, disse Vilibaldo Michels (Fernando Moraes/VEJA SP)
Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2012 às 14h28.
Brasília – O suinocultor André Spironello, de Santa Catarina, disse hoje (12) que o preço da carne suína no Brasil é um problema que poderia ser solucionado se o governo, antes de procurar o mercado externo, investisse no interno. Segundo ele, isso ajudaria a reduzir a diferença entre o valor do produto vendido pelos suinocultores e o pago pelos consumidores: “Hoje, o produtor está ganhando em torno de R$ 1,50 por quilo e no mercado está R$ 8,00 em média. Do produtor até o consumidor final, esse dinheiro está sumindo”.
Spironello é um dos criadores que se reuniram em Brasília para reivindicar melhores condições de produção. Eles participaram de audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado. O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, anunciou a liberação de R$ 200 milhões em crédito especial para o setor. O ministério informou que as dívidas de custeio vencidas ou com vencimento até janeiro de 2013 serão prorrogadas. Já as parcelas de investimento serão adiadas por um ano após o vencimento da última mensalidade.
Durante a audiência no Senado, produtores e autoridades falaram sobre as dificuldades enfrentadas na criação de suínos – especialmente os gastos com milho e soja, principais grãos utilizados na ração.
Na opinião da produtora Mônica Rodrigues, de Goiás, uma alternativa seria cada criador produzir a ração dos seus animais, mas isso também traria custos. “Para escapar um pouco da crise, a solução seria a gente mesmo plantar e colher. Mas tem a questão do adubo, a questão do agrotóxico”. Ela ressalta que esta não é a primeira vez que o governo faz promessas para ajudar os suinocultores, mas que os resultados não são vistos.
Se as medidas apresentadas pelo governo não conseguirem solucionar a crise, alguns produtores serão obrigados a fechar suas granjas, disse Vilibaldo Michels, de Santa Catarina, que já chegou a perder R$ 120 por suíno. “Eu não vejo mais como pagar. Até esses dias, a gente pensava em uma prorrogação de dívida. Hoje já se pensa que, se perdoar a dívida, não adianta mais nada. Pode perdoar, porque nem a ração a gente consegue comprar”, acrescenta.
Os suinocultores ficarão reunidos durante todo o dia. Após um ato público em frente ao Ministério da Agricultura, com a realização de um churrasco de carne de porco, eles voltam a se encontrar com o ministro Mendes Ribeiro.