Relatório mostrou um ritmo insuficiente de criação de emprego, a dois meses das eleições de 6 de novembro, em que o presidente Barack Obama disputa a reeleição (Brendan Smialowski/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de setembro de 2012 às 15h02.
Washington - O relatório sobre a evolução mensal do emprego nos Estados Unidos mostrou nesta sexta-feira um ritmo insuficiente de criação de emprego, a dois meses das eleições de 6 de novembro, em que o presidente Barack Obama disputa a reeleição.
Embora a taxa de desemprego tenha caído dois décimos em agosto, para 8,1%, em relação ao mês anterior, o relatório revela que o lucro líquido foi de 96 mil empregos, muito abaixo do que esperavam os analistas e do que se considera próprio de um mercado de trabalho em franca recuperação.
Na quinta-feira, em seu discurso de aceitação da candidatura democrata à reeleição, em Charlotte (Carolina do Norte), Obama pediu aos americanos mais tempo para que suas políticas deem fruto e denunciou a volta atrás que representaria, segundo sua opinião, uma vitória dos republicanos.
O fato é que o índice de desemprego esteve acima de 8% durante 43 meses consecutivos, como imediatamente destacou o candidato republicano, Mitt Romney, afirmando que as políticas do presidente Barack Obama 'não funcionam'.
No mês passado, o setor privado criou 103 mil empregos, o público perdeu 7.000 e o lucro líquido foi de 96 mil, muito abaixo dos 130 mil esperados pelos analistas.
A secretária de Trabalho, Hilda Solís, argumentou que quando Obama chegou à Casa Branca em janeiro de 2009, a economia americana 'estava em queda livre, os mercados de crédito estavam quase paralisados e o país perdia 700.000 empregos por mês'.
'Recuperamos 4,6 milhões de empregos no setor privado apenas nos últimos 30 meses, incluindo quase dois milhões tão somente no último ano', disse Solís.
A diminuição do índice de desemprego em agosto responde a que cerca de 368 mil pessoas - talvez desalentadas pelas más remunerações - deixaram de procurar emprego, e portanto desaparecem da força de trabalho.
Se os políticos reagiram com decepção, os mercados financeiros, por outro lado, tiveram uma reação positiva ao relatório sobre o desemprego, porque aumenta as probabilidades de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) ative novamente os instrumentos de estímulo monetário.
Durante discurso no dia 31 de julho em reunião de bancos centrais em Jackson Hole (Wyoming), o presidente do Fed, Ben Bernanke, reconheceu que 'a estagnação do mercado de trabalho é causa de grave preocupação'.
'A persistência do alto desemprego causará a nossa economia um dano que poderia durar por muitos anos', acrescentou.
Desde 2008, o Fed realizou duas rodadas de compras de títulos de dívida para injetar dinheiro no sistema e facilitar que os bancos concedam créditos às empresas e aos consumidores.
A primeira, entre 2008 e 2010, implicou a compra de US$ 1,25 trilhão em títulos hipotecários, US$ 175 bilhões em dívida de agências federais e US$ 300 bilhões em bônus do Tesouro.
Na segunda rodada, em 2010 e 2011, o Fed adquiriu US$ 600 bilhões em Bônus do Tesouro.
Outro fator que tem impacto no emprego é a recusa de muitos empresários de expandir seu pessoal enquanto a economia global continuar se desacelerando e os EUA se aproximarem de uma combinação de aumentos de impostos e cortes de despesas, que ocorrerá no fim do ano, a menos que o Congresso atue.
Em agosto, o setor fabril teve uma perda líquida de 15 mil postos de trabalho, a maior diminuição mensal em dois anos, e as agências de emprego temporário eliminaram posições pela primeira vez em cinco meses. Os fabricantes de veículos automotores eliminaram 7.500 postos de trabalho no mês passado.
O setor de serviços teve aumento líquido de 119 mil empregos e as firmas de construção acrescentaram mil postos de trabalho, enquanto que o comércio no varejo acrescentou 6.100 empregos, segundo mostra o relatório do Governo.
O relatório indica que no mês passado as remunerações horárias médias dos trabalhadores se mantiveram, sem mudanças, em US$ 23,52. As compensações dos trabalhadores subiram 1,7% em um ano.
O nível do emprego caiu de uma média de 226 mil por mês no primeiro trimestre para uma média mensal de 73 mil empregos entre abril e junho.