Economia

África Subsaariana terá pior crescimento em 2 décadas

Queda do preço das commodities e incerteza política afetam performance econômica do continente - e não há lugar onde o crescimento seja mais essencial

Trabalhador em obra em Abuja, na Nigéria: colapso do petróleo prejudicou o país

Trabalhador em obra em Abuja, na Nigéria: colapso do petróleo prejudicou o país

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 17 de outubro de 2016 às 13h23.

São Paulo - A África Subsaariana terá em 2016 seu pior crescimento econômico em duas décadas, de acordo com diagnóstico recente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A taxa esperada é de meros 1,4%, menos da metade dos 3,5% de 2015 e distante dos 5% registrados entre 2010 e 2014.

Uma previsão parecida havia sido feita no final de setembro pelo Banco Mundial. 

A queda não é generalizada. Em 19 dos 45 países da região o crescimento segue robusto: Etiópia, Senegal e Tanzânia são alguns exemplos.

Mas muitos outros seguem afetados por fatores como a queda dos preços de commodities, fatal para quem depende de exportar esses produtos (como o próprio Brasil).

O petróleo, por exemplo, perdeu metade do seu valor nos últimos dois anos e derrubou junto com ele grandes produtores como Angola, que tira do produto 95% das suas exportações e metade da receita do governo.

Outro é a Nigéria, que dependendo da conta é a maior economia do continente africano. Após crescer a taxas chinesas no começo do século, ela enfrenta agora sua primeira recessão em mais de 20 anos.

Diante do cenário, a palavra de ordem é ajustar (para não perder o controle das contas) e diversificar (para não depender demais de um produto só).

"Para os países impactados pelos baixos preços de commodities, o ajuste é inevitável dada a escala e a natureza persistente do choque. As opções aqui são entre processos de ajuste ordenados ou desordenados", disse Abebe Aemro Selassie, diretor do Departamento Africano do FMI.

Mas o continente também sofre com o aperto nas condições financeiras internacionais, que derrubou as moedas de países emergentes, e a incerteza política.

A África do Sul é um bom exemplo. No final do ano passado, o país chegou a ter três ministros de Finanças diferentes no espaço da uma semana (e o atual está sob investigação).

“Nossa análise mostra que os países com resultado mais resiliente tendem a ser aqueles com políticas macroeconômicas mais fortes, melhor ambiente regulatório de negócios, uma estrutura mais diversa de exportações e instituições mais efetivas", resume Albert Zeufack, economista chefe do Banco Mundial para África.

E não há lugar onde o crescimento seja mais essencial do que lá. Quase todos os países mais pobres do mundo estão na África e muitos não chegam a ter nem mil dólares em PIB per capita por ano em paridade de poder de compra.

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