Resultados econômicos da China surpreenderam negativamente os economistas.
Redator na Exame
Publicado em 15 de julho de 2024 às 09h24.
A economia chinesa registrou um crescimento menor do que o esperado, com o Produto Interno Bruto (PIB) aumentando apenas 4,7% no segundo trimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior. Este resultado, o mais fraco em cinco trimestres, foi amplamente atribuído à queda no consumo interno, apesar do aumento das exportações. As informações são da Bloomberg.
Dados recentes mostram que as vendas no varejo cresceram no ritmo mais lento desde dezembro de 2022, demonstrando que os esforços governamentais para revitalizar a confiança dos consumidores ainda não foram suficientes. A situação coloca uma pressão adicional sobre os formuladores de políticas, que se reúnem esta semana no Terceiro Plenário do Comitê Central do Partido Comunista Chinês em Pequim para discutir estratégias econômicas de longo prazo.
A aposta do presidente Xi Jinping nos setores de alta tecnologia e manufatura para impulsionar o crescimento após a pandemia teve algum sucesso, com a produção industrial se mantendo estável. No entanto, essa estratégia enfrenta desafios geopolíticos crescentes, especialmente com a possibilidade de Donald Trump ser reeleito nos Estados Unidos e aumentar as tarifas sobre produtos chineses.
Os dados publicados intensificaram os apelos para que o governo chinês aumente o estímulo ao consumo interno. A reunião do Terceiro Plenário, que ocorre duas vezes por década, é vista como uma oportunidade crucial para definir políticas que promovam a produtividade e o crescimento sustentado a longo prazo. No entanto, reformas mais amplas, como a criação de um modelo de crescimento baseado no consumo, são consideradas improváveis.
As ações chinesas em Hong Kong caíram após a divulgação dos dados decepcionantes, com o índice Hang Seng fechando 1,7% mais baixo. O Banco Popular da China manteve a taxa de juros estável, preocupando-se com a fuga de capitais e a necessidade de defender o yuan.
A crise imobiliária continua sendo um obstáculo significativo, com os preços de novas moradias nas principais cidades caindo pelo 13º mês consecutivo em junho. Esse declínio prolongado contribuiu para a deflação econômica, com os preços caindo pelo quinto trimestre consecutivo, a maior queda desde 1999.
Um programa governamental para subsidiar a substituição de veículos antigos e eletrodomésticos mostrou resultados mistos. As vendas de carros caíram 6,2% em junho, a maior queda em mais de um ano, enquanto a venda de eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo caiu 7,6%.
Por outro lado, as empresas responderam positivamente aos incentivos governamentais. O crescimento nas compras de equipamentos e instrumentos superou 17% no primeiro semestre do ano, em comparação com um aumento de 6,6% em 2023, à medida que as fábricas buscavam cumprir novas regulamentações ambientais.
O foco parece ter mudado para a reestruturação econômica e a prevenção de riscos no segundo trimestre, após um primeiro trimestre relativamente forte. As autoridades podem aumentar os gastos fiscais e reduzir as taxas de juros em agosto, após a reunião do Politburo, que inclui Xi Jinping.
A reunião do Comitê Central, que começou na segunda-feira (15), destacou um plano para "aprofundar a reforma e avançar a modernização chinesa". Economistas pediram que o encontro abordasse a crise imobiliária, impulsionasse a autossuficiência tecnológica e aliviasse as pressões fiscais locais. No entanto, medidas econômicas de curto prazo são mais prováveis de serem discutidas na reunião do Politburo.