Economia

Crescimento dos EUA decepciona planos de Trump

A maior economia do mundo cresceu apenas 1,6% no ano passado, contra 2,5% do ano anterior, segundo dados oficiais revelados nesta sexta-feira (27)

EUA: durante a campanha eleitoral, Trump advertiu que está disposto a aplicar taxas de até 35% a produtos da China e México (Jonathan Ernst/Reuters)

EUA: durante a campanha eleitoral, Trump advertiu que está disposto a aplicar taxas de até 35% a produtos da China e México (Jonathan Ernst/Reuters)

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AFP

Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 21h44.

O crescimento do PIB dos Estados Unidos decepcionou em 2016 ao ser o menor em cinco anos, enquanto o presidente Donald Trump promete estimular a atividade com cortes de impostos e mais gasto público.

A maior economia do mundo cresceu apenas 1,6% no ano passado, contra 2,5% do ano anterior, segundo dados oficiais revelados nesta sexta-feira (27).

Esse percentual é similar ao de 2011 e o menor desde 2009, quando os Estados Unidos estavam em recessão.

O resultado do ano passado está abaixo da taxa de 1,9%, prevista pelo Federal Reserve (Fed).

No trimestre outubro-dezembro, o PIB cresceu 1,9% em ritmo anual (em dados corrigidos), segundo a primeira estimativa do Departamento de Comércio.

O mau desempenho econômico do comércio exterior no quarto trimestre, cavalo-de-batalha de Trump que defende o protecionismo, explica em parte o resultado. As exportações caíram 1,4%, e as importações aumentaram 8,3%.

Durante a campanha eleitoral, Trump advertiu que está disposto a aplicar taxas de até 35% a produtos da China e México.

Argumenta que a China recorre a práticas comerciais desleais e que o México tira proveito de sua mão de obra mais barata do que a americana.

"Os déficits comerciais maciços e a pouca ajuda na porosa fronteira devem mudar agora", tuitou antes da divulgação do PIB.

"Há muito tempo que o México se beneficia dos Estados Unidos", afirmou.

A atual relação comercial com o México nos faz os EUA "ficarem como bobos", disse nesta sexta-feira à imprensa.

Após a posse de Trump na sexta-feira passada (20), as relações com seu vizinho entraram em colisão. O novo presidente anunciou a construção de um muro contra a imigração e quer que o México pague a conta.

Também anunciou que pretende renegociar, ou romper diretamente com o Nafta, acordo de livre-comércio integrado por Estados Unidos, Canadá e México.

Melhor panorama para 2017

O déficit comercial do último trimestre do ano passado fez o crescimento do PIB cair em 1,7 ponto percentual, o que não acontecia há seis anos.

Alguns analistas relativizaram esse resultado. Indicaram que as vendas de soja tiveram um excepcional crescimento no terceiro trimestre, e isso inflou os resultados desse período.

O consumo, pulmão da economia americana, subiu 2,5%, contra 3% no trimestre anterior.

Mesmo mostrando solidez, os gastos dos consumidores aportaram apenas 1,7 ponto percentual para o crescimento - sua expansão mais fraca desde o primeiro trimestre do ano passado.

No final de 2016, os atores econômicos haviam apontado uma certa cautela dos consumidores após a inesperada vitória de Trump nas eleições em uma complicada transição para a posse.

Os gastos federais caíram 1,2%. Isso foi compensado com um bom desempenho do setor imobiliário, que teve sua maior progressão desde o final de 2015 (+10,2%).

Os investimentos das empresas se consolidaram, aumentando 2,4%.

Para os analistas, a moderação do crescimento do PIB deveria estimular o Fed a manter a taxa de juros intacta na reunião que fará na semana que vem.

A primeira estimativa de crescimento frequentemente é alvo de fortes correções. A primeira revisão desses resultados acontecerá em 28 de fevereiro.

Para 2017, o Fed prevê um moderado crescimento de 2,1%, enquanto que o FMI calcula que será de 2,3%.

As estimativas não consideram as promessas de Trump de empurrar a economia mediante cortes de impostos e maior gasto público para fomentar o desenvolvimento de infraestrutura.

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