Economia

Cresce número de ricos na América Latina

O número de bilionários explodiu em 38%, alcançando 151 indivíduos, mais do que em qualquer outra região do planeta


	Piscina do hotel Fasano, no Rio: de acordo com a Euromonitor, o mercado de luxo na América Latina atingirá 26,5 bilhões em 2019, 88,8% a mais que em 2014, o crescimento mais forte do mundo
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Piscina do hotel Fasano, no Rio: de acordo com a Euromonitor, o mercado de luxo na América Latina atingirá 26,5 bilhões em 2019, 88,8% a mais que em 2014, o crescimento mais forte do mundo (.)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2015 às 17h57.

Montevidéu - Um Porsche por dia é o ritmo de vendas deste luxuoso carro no Chile desde o início de 2015, um reflexo do aumento do número de ricos na América Latina, cortejados pela indústria de luxo, mas criticados por sua baixa contribuição pata a região mais desigual do mundo.

Após sua chegada em 2000, o fabricante alemão de carros esportivos vendia "pouco menos de 300 veículos por ano" na América Latina, indicou à AFP George Wills, presidente da filial regional do grupo, com sede em Miami.

Em 2014 "vendemos cerca de 3.900". E enquanto "México e Brasil representam o maior volume", as vendas decolam até 60% nos mercados menores, como Peru, Colômbia e Panamá, disse ele.

"O número de indivíduos ricos está em seu auge em todo o mundo, o mesmo acontece na América Latina", afirma Mykolas Rambus, presidente da empresa de consultores Wealth-X, que publica um relatório anual global sobre "ultra-ricos", aqueles cujo patrimônio atinge pelo menos US$ 30 milhões.

São quase 15.000 deles na América Latina, um aumento de 5% em 2014.

O número de bilionários, pessoas cujo patrimônio é de pelo menos um bilhão de dólares, explodiu em 38%, alcançando 151 indivíduos, mais do que em qualquer outra região do planeta. Algumas fortunas foram divididas entre vários herdeiros, que por sua vez se tornaram bilionários.

Grandes proprietários de terras, dirigentes de grupos de mineração, gigantes das telecomunicações como o mexicano Carlos Slim, dono da América Móvil e segunda fortuna mundial: os perfis dos latino-americanos mais rico, com "uma idade média de 55 anos", variam muito, segundo Mykolas Rambus.

Os primeiros interessados nesse pequeno grupo são as marcas de luxo. Louis Vuitton ou Chanel, pioneiras, foram seguidas por outras, como Hermès.

Durante a última assembleia geral, o presidente da Hermès, Axel Dumas, ressaltou o crescimento da fabricante francesa de bolsas e lenços de seda "no México, Argentina, Chile e Panamá", embora tenha lamentado "as taxas muito elevadas" pagas no Brasil, o que inflaciona os preços.

Mas os obstáculos não diminuem o apetite do setor. De acordo com a Euromonitor, o mercado de luxo na América Latina atingirá 26,5 bilhões em 2019, 88,8% a mais que em 2014, o crescimento mais forte do mundo.

Natixis Global Asset Management (Ngam), especialista em gestão de grandes fortunas, acaba de inaugurar seus primeiros escritórios no México e Montevidéu.

"O que identificamos é que esta é claramente uma das regiões do mundo onde a riqueza dos indivíduos está em uma fase de crescimento exponencial", explica Sophie del Campo, diretora-geral da divisão comercial da espanhola Ngam.

"Justiça fiscal"

O aumento das classes ricas contrasta com a realidade social da região, considerada pelos economistas como a mais desigual do mundo.

Por exemplo, na Nicarágua, onde 42,5% da população é pobre, de acordo com o Banco Mundial, 210 "ultra-ricos" foram identificados pela Wealth-X, com uma fortuna combinada de 30 bilhões, ou 254% do PIB do país.

"A principal característica da desigualdade na América Latina não é o grande número de pobres, mas a alta concentração de riqueza entre um número pequeno", diz Juan Pablo Jimenez, especialista da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPA ), órgão vinculado às Nações Unidas.

E os mais ricos "pagam muito pouco impostos". "Os impostos sobre o rendimento são baixos e sobre o patrimônio quase inexistentes", ressalta Jimenez, que apela para "uma maior carga fiscal sobre as pessoas com mais dinheiro "para financiar os serviços públicos e os gastos sociais".

O primeiro a reagir foi o presidente socialista do Equador, Rafael Correa, que anunciou que o país taxará as heranças superiores a 35.400 dólares. Mas com a oposição da comunidade empresarial, o projeto foi suspenso temporariamente.

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