Economia

Cresce consumo de produtos falsificados nas classes A e B

Pela primeira vez, desde 2006, mais da metade dos entrevistados pela Fecomércio-RJ admitiu ter adquirido mercadorias pirateadas

A principal justificativa apresentada, em todas as classes sociais, continua sendo o preço mais em conta, indicado por 96% dos entrevistados
 (Alexandre Battibugli)

A principal justificativa apresentada, em todas as classes sociais, continua sendo o preço mais em conta, indicado por 96% dos entrevistados (Alexandre Battibugli)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2011 às 14h29.

Rio de Janeiro - O número de brasileiros que compram produtos falsificados aumentou de 48% para 52% entre 2010 e 2011. Pela primeira vez, desde 2006, mais da metade dos entrevistados admitiu ter adquirido mercadorias pirateadas. Os dados fazem parte da pesquisa O Consumo de Produtos Piratas do Brasil, divulgada hoje (19) pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ).

De acordo com o estudo, ao transformar os percentuais em números absolutos, 74,3 milhões de brasileiros consumiram algum produto pirata, 6 milhões a mais do que o observado no ano passado (68,4 milhões).

Segundo o economista da Fecomércio-RJ Christian Travassos outro dado alarmante é a crescente adesão das classes A e B à essa prática. De um ano para o outro, subiu de 47% para 57% o número de integrantes das camadas mais altas que admitiu ter consumido mercadorias falsificadas.

“Essas classes que, teoricamente têm mais acesso à informação e conhecem os prejuízos dessa prática, também consomem cada vez mais os produtos piratas. Isso é preocupante porque, em geral, esse comércio está associado a outros crimes, como o tráfico de armas”, afirmou.

O economista destacou ainda que a comercialização dessas mercadorias é prejudicial tanto ao consumidor, “que leva produtos sem qualquer garantia”, quanto à cadeia produtiva, que gera menos empregos e enfrenta concorrência desleal, “o que impede que os preços sejam mais competitivos no mercado formal”.

A principal justificativa apresentada, em todas as classes sociais, continua sendo o preço mais em conta, indicado por 96% dos entrevistados.

Esse é o motivo que leva a empregada doméstica Socorro Vieira a comprar CDs e DVDs falsificados para os netos. Segundo ela, em bancas improvisadas próximo à casa dela, na comunidade do Rio das Pedras, zona oeste, é possível comprar lançamentos por até R$ 2.
“Pelo preço que pagaria por um original compro cinco falsos. A qualidade não é tão boa, mas é o que cabe no bolso”, contou.

Outras explicações que aparecem no topo da lista são a facilidade de serem encontrados (14%) e o fato de estarem disponíveis para a venda antes do original (9%).

O estudo mostra ainda que, apesar de ter consciência sobre a prática ilegal e seus prejuízos, o consumidor continua comprando o produto falsificado. Quase oito em cada dez consumidores que compram os piratas sabem que a prática alimenta a sonegação de impostos; percentual semelhante acredita que esse consumo prejudica fabricantes e artistas. Além disso, 66% deles acreditam que a pirataria contribui para o crime organizado.

Os CDs e DVDs se mantêm na liderança do ranking de preferências de quem compra falsificados, qualquer que seja a classe social. Oito em cada dez afirmam comprá-los no mercado ilegal. Em seguida, aparecem brinquedos (76%) e artigos de moda, como roupas (11%), óculos (10%) e relógios (7%).

Por outro lado, o levantamento mostra que entre dos entrevistados das classes A e B, 43% afirmaram não comprar mercadorias falsificadas. As razões mais citadas para não compactuar com a prática foram a qualidade ruim dos produtos (53%) e a falta de garantia (24%).

Ainda pela pesquisa, 46% das classes A e B consideram que baixar música ou outros conteúdos pela internet sem a autorização do proprietário é crime. No entanto, 35% acham que é uma prática dentro da lei.

Para desenvolver a pesquisa, foram entrevistadas 1.000 pessoas em 70 cidades do país, incluindo nove regiões metropolitanas.

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