Economia

Crédito do BNDES 'briga' com combate à inflação, diz WSJ

Reportagem de capa do jornal americano alerta que fomentar uma economia já aquecida favorece o aumento de preços

O WSJ aponta que o debate sobre o papel do BNDES está mais preocupante hoje porque o país começou a ver números menos favoráveis na economia (Divulgação/BNDES)

O WSJ aponta que o debate sobre o papel do BNDES está mais preocupante hoje porque o país começou a ver números menos favoráveis na economia (Divulgação/BNDES)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2011 às 19h05.

São Paulo - O mecanismo que levou o Brasil a se tornar um competidor global em carne, petróleo e mineração, isto é, a vultosa concessão de crédito por parte do Banco Nacional para o Desenvolvimento (BNDES), está agora colidindo com outra política extremamente necessária: o combate à inflação. A avaliação é do jornal norte americano Wall Street Journal, em reportagem de capa publicada nesta segunda-feira.

“Apesar do reconhecido sucesso da maior economia da América Latina, menos reconhecido é o quanto isso se deve aos empréstimos governamentais”, avalia a reportagem. O WSJ cita o fato de o crédito fornecido pelo BNDES ter superado os empréstimos do Banco Mundial para mais de 100 países.

O problema, segundo o jornal, é que, ao fomentar a demanda em uma economia que já cresce rapidamente, esse nível de empréstimo aumenta a inflação e não deixa escolhas ao Banco Central a não ser subir os juros. Juros mais altos prejudicam as exportações, já que fortalecem a moeda brasileira em relação às outras. O real já se valorizou 40% ante ao dólar em dois anos.

O WSJ aponta que o debate sobre o papel do BNDES está mais preocupante hoje porque o país começou a ver números menos favoráveis na economia. A estimativa de crescimento do PIB caiu para entre 3,5% e 4%, quase a metade do ano passado. No primeiro trimestre, a previsão era de 4,2%. O fato de a inflação ter ultrapassado o limite da meta estabelecido pelo governo também indica uma controvérsia na política de crédito. “O governo está tentando esquentar e esfriar a economia ao mesmo tempo”, diz à reportagem Marcos Mendes, economista que assessora o Senado.

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