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Vanessa Barbosa
Publicado em 18 de agosto de 2019 às 17h38.
Os consumidores poderão ter acesso a juros mais baixo com crédito de longo prazo. Essa é a expectativa do Banco Central (BC), que pretende elaborar medidas para destravar o crédito com garantia de imóvel, chamado de home equity. A ideia é reduzir os custos e o tempo com burocracias em cartório e avaliação de imóveis.
No último dia 6, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que os custos cartoriais e de avaliação de imóveis ficam em torno de R$ 7 mil a R$ 8 mil. Segundo Campos Neto, o home equity pode injetar R$ 500 bilhões na economia, quase dobrando a carteira atual de crédito imobiliário.
Atualmente, o home equity representa cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Com o estímulo à modalidade, esse percentual poderá chegar a 20% do PIB, em 20 anos, segundo estimativa do presidente de uma empresa do setor, a Credihome, Bruno Gama.
"Essa taxa atual é muito baixa se comparado a países desenvolvidos ou mesmo outros países da América Latina. Com juros em queda, destravamento e simplificação do processo de registro de cartório e os incentivos adequados, o volume de home equity pode chegar a 10% em 8 a 10 anos e até 20% em 20 anos – número que se aproxima dos R$ 500 bilhões citados pelo Banco Central", disse Gama.
Segundo levantamento feito por Gama, com base em dados de bancos centrais, no México, o home equity representa cerca de 10% do PIB, enquanto no Chile, 14%. Economias mais maduras como Japão (33%), Alemanha (51%) e até Austrália (82%) tem índices mais de 10 vezes maiores que os do Brasil.
Gama lembrou que o estímulo à modalidades de crédito com prazos mais longos e juros menores, faz parte da agenda do BC, que anunciou recentemente redução do compulsório (recursos que os bancos são obrigados a deixar depositados no Banco Central) para instituições financeiras que oferecem crédito com garantia de imóvel.
Segundo o empresário, o home equity permite dar liquidez (tornar o recurso disponível) a um bem de valor elevado e vai estimular o crédito de longo prazo no país. Ele acrescentou que o crédito, atualmente, está muito concentrado em linhas de curto prazo, como empréstimos pessoais. Gama também avalia que há uma mudança cultural dos clientes que calculam quanto gastam com juros.
De acordo com ele, atualmente o uso de imóveis como garantia - embora ainda incipiente se comparado a seu potencial de crescimento - já permite que o consumidor acesse crédito com juros de 1% ao mês e prazos de até 20 anos.
Gama afirmou ainda que, atualmente, a liberação do empréstimo leva muito tempo por envolver análise de crédito do cliente, de documentos e avaliação do imóvel e registro em cartório. Esse tipo de contrato precisa ser levado ao cartório de imóveis e só depois disso, há liberação do empréstimo.
O diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, disse que o crédito com garantia é naturalmente mais barato porque o risco de inadimplência é menor. Assim, os bancos, que são obrigados a fazer reservas para as operações de crédito, podem reservar um volume menor de dinheiro e isso reduz o custo do empréstimo. “Se a operação é mais segura, o risco é menor e a taxa de juros é menor. É mais uma medida que possibilita fazer uma operação com garantia real”, disse.