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CPMI dos Correios pede indiciamento de Dirceu e Gushiken

Senador tucano Eduardo Azeredo também será indiciado por crime eleitoral em 1998

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h04.

Em uma semana conturbada pela saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu nesta quarta-feira (29/3) um novo golpe. O relatório final da CPMI dos Correios pedirá o indiciamento de dois de seus ex-ministros: José Dirceu (Casa Civil) e Luís Gushiken (Secretaria de Comunicação). Junto com Palocci, os ex-ministros compunham o chamado núcleo duro dos primeiros anos da gestão Lula - o grupo de conselheiros mais próximos do presidente. Outra derrota do governo foi a recomendação, no relatório, de que o Ministério Público Federal investigue a empresa Gamecorp, de Fábio Luiz Lula da Silva, filho do presidente. As investigações da CPMI detectaram investimentos suspeitos realizados pela Telemar na companhia.

O relator da CPMI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), também citou o presidente Lula no relatório, mas não pedirá seu indiciamento. "Eu simplesmente digo que em tais e tais oportunidades, o presidente Lula tomou conhecimento; tais e tais pessoas testemunharam isso, e também que ele solicitou [providências] ao ministro Aldo Rebelo [à época, titular da pasta da Articulação Política]", afirmou Serraglio antes do início da leitura do relatório.

Outros antigos caciques do PT também serão indiciados, como o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, o ex-secretário-geral Sílvio Pereira e o ex-presidente do partido, José Genoino. O publicitário Marcos Valério, responsável pelo esquema de arrecadação e distribuição irregular de recursos para partidos da base aliada, também será citado como passível de indiciamento.

A oposição também não sairá ilesa desta sessão da CPMI. O relator pedirá o indiciamento do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) por crime eleitoral. Em 1998, Azeredo concorreu à reeleição ao governo de Minas Gerais e teria recorrido a recursos irregulares para financiar sua campanha - o chamado caixa dois. "Há um fato comprovado de que recursos de caixa dois transitaram pela campanha. Isso corresponde a crime eleitoral", disse Serraglio.

Processo criminal

O relator também pedirá à Justiça o indiciamento dos 18 parlamentares e ex-deputados federais levados ao Conselho de Ética por eventual quebra de decoro por receber propinas em troca de apoio aos projetos do governo - esquema que ficou conhecido como mensalão. Embora três deles tenham sido cassados pela Câmara - José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ), e Pedro Corrêa (PP-SP) -, sete tenham sido absolvidos até o momento pelo plenário, e quatro renunciaram aos mandatos, Serraglio afirma que é sua obrigação solicitar investigações sobre suas condutas à Justiça. "O juízo político não é o juízo criminal. Se eu não encaminhar [os nomes], serei um prevaricador. O Ministério Público irá avaliar os fatos e decidir pelos inquéritos", afirmou.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CMPI) dos Correios, que conta com a participação de deputados e senadores, foi instalada pelo Congresso há nove meses para investigar, inicialmente, um esquema de corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, cujo objetivo seria captar recursos para financiamentos de campanhas eleitorais. No decorrer das investigações, porém, a comissão ampliou seu foco e apurou um grande esquema de distribuição de recursos envolvendo partidos da base aliada - como o PT, fundado pelo presidente Lula. O dinheiro seria distribuído por meio do "valerioduto", um esquema montado pelo publicitário mineiro Marcos Valério.

Ao todo, a CPMI realizou 165 reuniões, 1 186 requerimentos e 233 sessões para ouvir testemunhas. Foram analisados cerca de 4 600 documentos. O relatório de Serraglio, com cerca de 1 000 páginas, deve ser votado apenas na próxima terça-feira (5/4), segundo o presidente da comissão, o senador Delcídio Amaral (PT-MS).

Com informações da Agência Brasil.

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