Teste de covid-19 na cidade chinesa de Xi'an (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 16 de maio de 2022 às 09h14.
Última atualização em 16 de maio de 2022 às 09h15.
Com o nível de consumo em seu menor ponto e o desemprego em alta, a China revelou nesta segunda-feira (16) seus piores indicadores econômicos em dois anos, no momento em que o país enfrenta o surto mais grave de covid-19 desde a primeira onda da doença em 2020.
A rígida política de combate ao vírus imposta pelo governo pesa sobre os deslocamentos, o consumo e as redes de abastecimento.
Xangai, a capital econômica do país, com 25 milhões de habitantes, está em confinamento desde abril, embora o vice-prefeito tenha anunciado no domingo uma reabertura por etapas dos estabelecimentos comerciais.
Ao mesmo tempo, Pequim reforça as medidas anti-covid depois de registrar um aumento dos contágios.
As vendas no varejo, principal indicador do gasto das famílias, registraram queda de 11,1% em ritmo anual em abril, anunciou o Escritório Nacional de Estatísticas (ONE).
Este é o segundo mês consecutivo de queda do índice (-3,5% em março).
Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego, monitorada de perto pelo governo, subiu de 5,8% em março para 6,1% em abril, nível próximo do recorde registrado em fevereiro de 2020, durante os meses mais duros da primeira onda de covid.
O índice apresenta, no entanto, um quadro parcial da situação porque na China o desemprego é calculado entre a população urbana e exclui milhões de trabalhadores migrantes, particularmente vulneráveis.
Na sexta-feira, o governo anunciou medidas para que as empresas contratem mais funcionários jovens. Um grande número de recém-formados deve entrar no mercado de trabalho este ano.
As autoridades também pediram ajuda às empresas públicas, informou a agência oficial Xinhua.
Para o governo chinês, a meta em 2022 é criar quase 11 milhões de empregos, número que representa uma queda na comparação com o ano passado (12,69 milhões). Mas este critério não revela pistas sobre o número de empregos perdidos pela crise de saúde.
Ao mesmo tempo, a produção industrial caiu 2,9% em ritmo anual em abril, contra uma alta de 5% em março.
O confinamento de Xangai prejudica as cadeias de abastecimento.
A cidade portuária é um dos maiores pontos de entrada e saída de mercadorias na China. O confinamento tem "um impacto considerável" que "ameaça" o comércio mundial, alerta o economista Raymond Yeung, do banco ANZ.
O impacto da covid sobre a atividade será de "curto prazo", disse o porta-voz do ONS, Fu Linghui, em uma tentativa de tranquilizar os ânimos. Ele acredita em uma recuperação econômica em breve.
Mas as medidas anti-covid provocam um risco para a meta de 5,5% de crescimento estabelecida por Pequim. O ano é crucial, pois o presidente Xi Jinping dever ser reeleito como chefe de Estado da segunda maior economia mundial.
Muitos economistas duvidam que o país consiga cumprir o objetivo, que seria o menor crescimento da China desde 1990, sem considerar 2020, ano de início da pandemia.
"A estabilidade da economia não é apenas uma questão econômica, mas também de estabilidade social", advertiu o primeiro-ministro chinês Li Keqiang em um discurso amplamente divulgado pela imprensa local no sábado.
"Por este motivo, o governo deve acelerar as medidas de estímulo", adverte a consultoria Gavekal Dragonomics.
Para apoiar o crescimento, Pequim reduziu no domingo a taxa de juros de hipotecas para os compradores do primeiro imóvel.
Os setores imobiliário e da construção, que representam mais de 25% do PIB chinês, tiveram papel fundamental na recuperação econômica em 2020, após a primeira onda da pandemia.
Mas estes setores também sofrem com as medidas restritivas. Em abril, as vendas de imóveis caíram 39% em ritmo anual, segundo o ONS.