Economia

Cota para compra no exterior é mantida

O Palácio do Planalto decidiu revogar uma portaria que reduzia de US$ 300 para US$ 150 a cota de importação livre de imposto


	Gleisi Hoffmann: a medida teria reflexos negativos no eleitor 
 (Geraldo Magela/Agência Senado)

Gleisi Hoffmann: a medida teria reflexos negativos no eleitor  (Geraldo Magela/Agência Senado)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2014 às 09h02.

Brasília - Para evitar prejuízos à candidatura da senadora petista Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná, o Palácio do Planalto decidiu revogar uma portaria que reduzia de US$ 300 para US$ 150 a cota de importação livre de imposto a que cada pessoa tem direito ao entrar no País por via terrestre, fluvial e lacustre.

A medida teria reflexos negativos no eleitor e poderia atrapalhar os planos da senadora na disputa com o governador Beto Richa (PSDB), que tenta a reeleição, e o senador Roberto Requião (PMDB).

A avaliação é de que, com a redução da cota, publicada no Diário Oficial de segunda-feira, 21, o nome de Gleisi poderia ser associado a prejuízos a comerciantes do Paraná, especialmente em Foz do Iguaçu, cidade com quase 200 mil eleitores.

Gleisi foi ministra da Casa Civil até o fim de março e toda portaria passa, obrigatoriamente, pela Pasta.

A grande maioria dos produtos que chegam ao Brasil pelas fronteiras vem de Ciudad del Este, no Paraguai, vizinha de Foz. Como a senadora estava em Assunção desde a segunda-feira, 21, em um evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e sua congênere paraguaia, ela ouviu muitas reclamações de políticos e empresários contra a portaria. Eles alegaram que teriam muitos prejuízos. Gleisi prometeu agir.

Logo que o dia amanheceu, na terça-feira, 22, ela ligou para o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e para o ministro interino da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli. Falou sobre a impropriedade da medida.

Por intermédio da assessoria, Mercadante confirmou que recebeu a ligação de Gleisi e que deu a ela o recado de que o governo recuaria. Comunicou ainda que suspensão vai durar até 2015. Disse à senadora que poderia dar a notícia da decisão do governo brasileiro aos vizinhos.

Pesou ainda na decisão o fato de o governo brasileiro ter cuidado nas relações com o Paraguai. Em 2012, o vizinho foi suspenso do Mercosul após a cassação do então presidente Fernando Lugo, decisão apoiada pelo Brasil à época, e está em vias de retornar ao bloco.

Tanto Mercadante quanto Caffarelli consultaram a Receita Federal logo depois da ligação de Gleisi. Falaram da necessidade de revogação da portaria. A Receita viu-se obrigada a recuar e a anunciar que deverá publicar no Diário Oficial desta quarta-feira, 23, outra portaria, com a suspensão da medida.

Gleisi garantiu ao presidente do Paraguai, Horácio Cartes, que o governo brasileiro retiraria a portaria que afetava as compras via Ponte da Amizade. Estava acompanhada do ex-deputado Ricardo Gomyde, do PC do B, candidato ao Senado em sua coligação.

Ao deixar a reunião com Cartes, no Palácio de Los Lopes, Gleisi afirmou: "Eu já havia conversado pela manhã com o ministro-chefe da Casa Civil do governo brasileiro e também com o Ministério da Fazenda. Essa medida vai ser suspensa", disse.

"Era, na realidade, uma regulamentação de uma lei nossa sobre os free shoppings e não deveria tratar da cota neste momento. Então, vai ser suspensa". E emendou: "Voltaremos à cota dos US$ 300. Já o governo brasileiro pediu para que eu falasse ao presidente paraguaio e também ao nosso ministro das Relações Exteriores a decisão", disse a ex-ministra.

Receita

No início da tarde, a Receita Federal comunicou o recuo. Alegou questões técnicas e erros burocráticos. O secretário Carlos Alberto Barreto afirmou que a redução da cota passará a valer quando municípios-gêmeos de fronteira montarem free shops, conforme autoriza uma lei de 2012. Colaboraram Tânia Monteiro, Renato Veríssimo e Laís Alegretti. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesEleições 2014Gleisi HoffmannImpostosLeãoMinistério da Casa CivilPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPrejuízo

Mais de Economia

Um marciano perguntaria por que está se falando em crise, diz Joaquim Levy sobre quadro fiscal

Campos Neto: Piora nas previsões de inflação não é culpa de 'malvados da Faria Lima'

Salário mínimo pode ir a R$ 1.521 em 2025 com nova previsão de inflação

BNDES e banco da Ásia assinam memorando para destinar R$ 16,7 bi a investimentos no Brasil