Economia

Cortes devem envolver redução de subsídios, diz Mantega

Ministro disse que os cortes de despesas em estudo pelo governo devem envolver a redução de subsídios financeiros


	Guido Mantega: ministro citou o BNDES como um exemplo de onde poderia ocorrer essa redução
 (Chico Ferreira/Reuters)

Guido Mantega: ministro citou o BNDES como um exemplo de onde poderia ocorrer essa redução (Chico Ferreira/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2014 às 16h33.

São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, sinalizou nesta sexta-feira uma redução no papel que os bancos públicos vêm desempenhando na política econômica e afirmou que os cortes de despesas em estudo pelo governo devem envolver a redução de subsídios financeiros.

Falando a jornalistas depois de fazer uma apresentação em evento em São Paulo, Mantega citou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social como um exemplo de onde poderia ocorrer essa redução.

O BNDES tem uma série de programas de financiamento com juros abaixo da taxa básica Selic, incluindo a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e recebido injeções de recursos do Tesouro Nacional.

O ministro disse que o papel dos bancos públicos no crédito é "fundamentalmente" anticíclico e lembrou que na fase mais aguda da crise financeira internacional, o crédito privado secou e foi preciso que os bancos públicos assumissem um protagonismo.

Mantega ressaltou, no entanto, que espera que a partir de um novo ciclo de crescimento os bancos privados liberem mais crédito e os públicos não precisem ser tão ativos nessa área.

Ele insistiu que não é uma estratégia do governo uma maior participação dos bancos públicos no crédito e sim uma questão de política anticíclica.

Os comentários do ministro ocorrem em um quadro de profunda deterioração das contas públicas, com déficit primário recorde em setembro.

O governo precisa revisar sua meta de superávit primário para este ano e deve fazer o mesmo para 2015. Mesmo assim, serão necessários cortes de despesas para equilibrar as contas.

Em sua apresentação, o ministro disse que o desafio agora é "fazer a transição para a economia pós-políticas anticíclicas", em preparação para um novo ciclo de expansão da economia mundial e brasileira.

"A estratégia macroeconômica para iniciarmos esse novo ciclo de expansão é um ajuste tanto da política fiscal quanto da política monetária", disse.

"Do ponto de vista da política fiscal temos que caminhar para um aumento gradual do primário, em relação ao resultado de 2014", acrescentou.

"Para isso nós temos agora que fazer uma redução das despesas, uma redução importante das despesas."

Mantega disse que também é preciso recuperar a receita e lembrou que com uma recuperação da atividade econômica, cujas condições "estão dadas" segundo ele, isso ocorrerá naturalmente.

Do lado da política monetária, o ministro disse que o objetivo é "uma convergência ao centro da meta", de 4,5 por cento, apontando a seca deste ano como uma fator de pressão sobre os preços dos alimentos e as tarifas de energia.

Perguntado sobre o impacto na inflação do aumento dos combustíveis anunciado pela Petrobras na noite de quinta-feira, Mantega disse ele deve ficar ao redor de 0,1 ponto percentual.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraGuido MantegaMinistério da FazendaPersonalidadesPolítica fiscalPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo