Campos Neto frisou que gostaria de passar a tranquilidade de que o BC está atento e focado e entende quais são os instrumentos para atuar em cada momento.
Dinheiro: BC cortou a Selic em 0,5 ponto, à sua nova mínima histórica, aumentando o ritmo de afrouxamento monetário em resposta aos impactos econômicos com o coronavírus (Rmcarvalho/Getty Images)
Reuters
Publicado em 23 de março de 2020 às 08h41.
Última atualização em 23 de março de 2020 às 12h37.
O Banco Central reconheceu que a retração da demanda por conta do coronavírus tem efeito que tende a ser "bastante significativo" para a política monetária por conta do impacto na economia e que, para compensá-lo, seria necessário cortar os juros para além da redução de 0,5 ponto levada a cabo na semana passada.
Mas, em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada nesta segunda-feira, o BC apontou que o cenário para os juros estruturais é outro com a disseminação do Covid-19, o que justificou sua opção por indicar que o novo patamar da Selic, de 3,75%, é adequado por ora.
"A possível interação entre a deterioração do cenário externo, com frustrações em relação à continuidade das reformas e possíveis alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas, pode ameaçar a queda dos juros estruturais observada nos últimos anos", trouxe a ata.
"Em vista dessa percepção, o Comitê ponderou que uma redução da taxa básica de juros além de 0,50 ponto percentual poderia tornar-se contraproducente e resultar em apertos nas condições financeiras, com resultado líquido oposto ao desejado", acrescentou.
Na semana passada, o BC cortou a Selic em 0,5 ponto, à sua nova mínima histórica, aumentando o ritmo de afrouxamento monetário em resposta aos impactos econômicos com o coronavírus, mas indicando que este deve ser o novo nível dos juros básicos daqui para frente.
Normalmente publicada às terças após a semana de divulgação do Copom, a ata com mais pistas sobre a visão do BC foi adiantada para esta segunda-feira e teve participação do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em coletiva.
Em entrevista virtual a jornalistas, Campos Neto disse que o universo de atuação do BC hoje equivale a 16,7% do PIB, em instrumentos para a liberação de liquidez, comparado a 3,5% do PIB em 2008.
Campos Neto frisou que gostaria de passar a tranquilidade de que o BC está atento e focado e entende quais são os instrumentos para atuar em cada momento.
“Em 14 de dezembro, caso a economia tenha atravessado a pandemia do Covid-19, a alíquota do compulsório sobre recursos a prazo será recomposta ao patamar anterior de 25%”, disse o BC.
Em 20 de fevereiro, o BC já havia anunciado uma redução do recolhimento compulsório dos bancos sobre depósitos a prazo e um ajuste em regra de exigência de liquidez das instituições que juntos abriram caminho para liberação de 135 bilhões de reais, valendo a partir de março.