Economia

Corte de produção da Opep ajuda em vendas de petróleo para Ásia

Decisão tomada pela Opep e outros produtores corta a produção em quase 1,8 milhão de barris por dia no primeiro semestre deste ano

Petróleo: remessas para a Ásia a partir do Brasil atingiram recorde de 16,7 milhões de barris em fevereiro, contra 6,9 milhões em outubro (Leonhard Foeger/File Photo/Reuters)

Petróleo: remessas para a Ásia a partir do Brasil atingiram recorde de 16,7 milhões de barris em fevereiro, contra 6,9 milhões em outubro (Leonhard Foeger/File Photo/Reuters)

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Reuters

Publicado em 22 de fevereiro de 2017 às 12h36.

Cingapura - Comerciantes de petróleo de todo o mundo, incluindo Estados Unidos, Grã-Bretanha e Brasil, triplicaram suas vendas para a Ásia, aproveitando uma falta de oferta que vem surgindo após os cortes de produção liderados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciados no final do ano passado.

Cerca de 30 navios superpetroleiros fizeram viagens mensais de longo curso para enviar petróleo bruto das Américas, do Mar do Norte e do Mediterrâneo para refinarias ao redor da Ásia, maior mercado do mundo, que apresenta também o mais acelerado crescimento do consumo, segundo dados da Thomson Reuters Oil Research and Forecasts.

Os movimentos incomuns seguem-se à decisão tomada no final do ano passado pela Opep e outros produtores, incluindo a Rússia, de cortar a produção em quase 1,8 milhão de barris por dia (bpd) no primeiro semestre deste ano como forma de reduzir o excesso de oferta global e sustentar preços.

As empresas mais envolvidas nos negócios incluem grandes produtores de petróleo, como BP e Shell, as comerciantes de commodities privadas Trafigura, Vitol e Mercuria e o refinador chinês Unipec, disseram fontes comerciais. A gigante de energia e mineração Glencore, a estatal azerbaijana Socar e a brasileira Petrobras também estão envolvidas.

Ao aproveitar custos de fretes relativamente baixos e diferenças regionais de preços de petróleo, conhecidas como arbitragens, os vendedores podem lucrar com a falta de oferta em uma região e excesso em outra.

Ajudando a preencher a lacuna da Opep, as remessas de petróleo bruto para a Ásia dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Brasil e até mesmo da Líbia, destruída pela guerra, subiram para mais de 35 milhões de barris em fevereiro, ou 1,26 milhão de bpd, ante 10,4 milhões de barris em outubro, ou 336 mil bpd, mostraram os dados.

As remessas para a Ásia a partir do Brasil atingiram recorde de 16,7 milhões de barris em fevereiro, contra 6,9 milhões em outubro.

O principal exportador do Brasil foi a estatal Petrobras, segundo dados do setor marítimo, e segundo operadores o petróleo do país substituiu oferta da Angola, membro da Opep.

"Os cortes de produção da OPEP ... criaram distorções no mercado de petróleo asiático, mudando os padrões de comércio global", disse a BMI Research em uma nota aos clientes.

"A razão para a existência dessas oportunidades de arbitragem é a fraqueza (nos preços) do frete", disse o corretor de combustíveis da Freight Investor Services em Dubai, Matt Stanley.

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