Fórum Econômico Mundial: a entidade apontou para a crise política brasileira e a corrupção (Divulgação/World Economix Forum)
Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2016 às 09h11.
Genebra - O maior obstáculo para se fazer negócios no Brasil em 2016 é o fracasso da governabilidade do País.
O alerta é do Fórum Econômico Mundial que, no dia 20, inicia seu evento anual na estação de esqui de Davos, na Suíça.
Num informe publicado nessa quinta, 14, sobre os maiores riscos globais para o ano, a entidade apontou para a crise política brasileira e a corrupção.
Numa pesquisa realizada com 13 mil empresários, 60% deles indicaram o "fracasso da governabilidade" como o maior risco para se fazer negócios no Brasil hoje. A taxa supera aqueles que consideram a falta de água ou de infraestrutura como os maiores problemas.
No restante do mundo, porém, a questão da falência da administração pública aparece apenas como o quarto maior risco e é apontado como problema para apenas 27% dos 13 mil entrevistados. Os maiores riscos globais, segundo Davos, seriam a imigração e mudanças climáticas em 2016.
"Fracasso na governança nacional é uma preocupação proeminente na América Latina, especialmente na América do Sul, onde a corrupção e a falta de confiança no funcionamento das instituições estão cada vez mais criando dificuldades para se administrar um negócio", alertou.
O risco, segundo explica a pesquisa, se refere à "incapacidade de governar uma nação, o que é a causa ou resultado de fatores como um fraco estado de direito, corrupção, comércio ilegal, crime organizado, impunidade e impasse político".
Na avaliação do fórum, o "fracasso na governança mina a competitividade dos países, a criação de empregos e o desenvolvimento econômico".
Davos também aponta que empresas são obrigadas a lidar com riscos adicionais ao operar em países com uma administração fraca: um ambiente imprevisível e seguir padrões, quando o próprio governo não segue os seus.
Infraestrutura
Outro obstáculo brasileiro e latino-americano é a situação da infraestrutura, considerada ainda como inadequada. Para Davos, novos investimentos no setor poderiam "estimular a economia e fortalecer a resistência da região a riscos globais".
Por fim, a queda nos preços de commodities também se apresenta como um risco numa região que tem suas exportações baseadas em minérios, petróleo ou produtos agrícolas.
"Preços baixos das commodities reforçam os desafios existentes, como a elevada dívida pública e crescimento econômico baixo", indicou. "Isso está associado a um aumento d um risco de uma crise fiscal."
Ao jornal O Estado de S.Paulo, a economista-chefe de Davos, Jennifer Blanke, alertou que o Brasil desperdiçou sua chance de fazer reformas enquanto existia um boom nos preços de commodities. "Agora, será muito mais difícil", disse.
A presidente Dilma Rousseff era uma das figuras mais aguardadas no fórum neste ano, já que parte dos 2,5 mil empresários esperava ouvir da brasileira o que ela pretende fazer para restabelecer a confiança em seu governo. Mas ela acabou cancelando sua viagem e o Brasil, neste ano, desembarca com uma delegação pequena.
O governo será representado pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, pelo ministro de Minas e Energia, Eduarda Braga, e pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.
Mais de 50 chefe de governo ou Estado estarão neste ano na "Montanha Encantada" de Davos, entre eles o argentino Mauricio Macri, o mexicano Enrique Pena Nieto, o colombiano Juan Manuel Santos, mas também Alexis Tsipras (Grécia), David Cameron (Reino Unido), Joe Biden (Estados Unidos) e o canadense Justin Trudeau. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.