Pobreza: comunidades enfrentam o coronavírus com casas lotadas e sem saneamento básico (Kieran Stone/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 9 de abril de 2020 às 18h48.
Mais de meio bilhão de pessoas podem ser levadas à pobreza com a pandemia de coronavírus, alertou relatório da Oxfam nesta quinta-feira, caso não sejam tomadas providências urgentes para socorrer países em desenvolvimento.
Segundo o estudo, entre 6% e 8% da população global, cerca de 500 milhões de pessoas, poderá entrar na pobreza à medida que os governos fecham suas economias para impedir a disseminação do vírus.
"Isso pode representar o retrocesso de uma década na luta contra a pobreza. Em algumas regiões, como a África subsaariana, norte da África e Oriente Médio, essa luta pode retroceder em até 30 anos. Mais da metade da população global pode estar na pobreza depois da pandemia", diz o texto.
E isso sem falar na desigualdades sociais. Segundo a Oxfam, só um em cada cinco desempregados tem acesso a benefícios como seguro-desemprego.
"Dois bilhões de pessoas trabalham no setor informal pelo mundo, 90% nos países pobres e apenas 18% nos países ricos", aponta o relatório, que lembra que o Brasil tem cerca de 40 milhões de trabalhadores sem carteira assinada e cerca de 12 milhões de desempregados. "Estima-se que a crise econômica provocada pelo coronavírus adicione, ao menos, mais 2 milhões de pessoas entre os desempregados" no país.
De acordo com a entidade, o auxílio emergencial de R$ 600 aprovado pelo governo é uma primeira ação para minimizar esse impacto, mas está longe de ser suficiente.
"Será preciso ampliar o número de pessoas atendidas, garantir agilidade nos pagamentos, estender o período de concessão da renda e fazer o movimento para avançar em uma Renda Básica Cidadão, agenda pendente no Brasil há décadas", afirma.
Além dos US$ 2,5 trilhões que a ONU considera necessários para apoiar os países em desenvolvimento, será preciso um adicional de US$ 500 bilhões em ajuda externa. Isso inclui US$ 160 bilhões para financiar os sistemas públicos de saúde dos países pobres e US$ 2 bilhões para o fundo humanitário da ONU, diz a Oxfam.