Economia

Coronavírus deve puxar índice de inflação para baixo

A expectativa é que o índice fique em 0,14% em março ante 0,25% registrado em fevereiro

Consumo: A impressão da moeda poderia ajudar o governo ampliar seus programas de auxílio (Germano Luders/Exame)

Consumo: A impressão da moeda poderia ajudar o governo ampliar seus programas de auxílio (Germano Luders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2020 às 06h33.

Última atualização em 9 de abril de 2020 às 06h51.

Os efeitos da pandemia de coronavírus nos preços ao consumidor devem começar a aparecer com mais força no monitoramento feito pelo IBGE a partir de agora. O movimento poderá ser confirmado nesta quinta-feira, 9, após a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

A expectativa é que o mês reflita o começo das políticas de distanciamento social, adotadas na maior parte dos estados nas últimas semanas do mês. “O choque de redução da demanda pelos produtos da cesta deverá ser sentido de forma mais acentuada em abril e maio, para quando é previsto o pico da contaminação pela Covid-19”, diz Samuel Durso, professor da Fipecafi.

A expectativa é que o índice da inflação fique em 0,14% em março ante 0,25% registrado em fevereiro, mês em que os preços costumam subir em função de gastos com matrículas e material escolar. Ao longo deste ano, é esperado que a inflação fique em níveis ainda menores do que os atuais, e sem risco de subir.

“Considerando não haver uma crise de desabastecimento, o setor de alimentação e bebidas deverá apresentar uma queda, já que as principais cidades do país limitaram o funcionamento de bares e restaurantes. O setor de transporte também deverá ser afetado pela menor movimentação de pessoas nas cidades e entre municípios”, diz Durso.

Para Henrique Meirelles, secretário de Fazenda e do Planejamento de São Paulo, a hora é propícia até para imprimir dinheiro, atitude impensável no mundo todo até pouco tempo atrás em função do alto risco inflacionário.

“O Banco Central tem grande espaço de expandir a base monetária e, com isso, recompor a economia. Não há risco nenhum de inflação nessa situação”, disse nesta quarta-feira à BBC. Já o economista Pérsio Arida disse à Folha há duas semanas que só um “lunático” pensaria em inflação neste momento.

A impressão da moeda poderia ajudar o governo ampliar seus programas de auxílio a pequenas e médias empresas e à população mais vulnerável durante a crise do coronavírus.

Por outro lado, faria o endividamento do país saltar em relação ao PIB, o que já trouxe problemas sérios ao país. Para Meirelles, no entanto, esse é o melhor caminho. “A alternativa é um colapso econômico”, diz.

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