Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, em entrevista em Brasília (Andre Coelho/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de abril de 2018 às 14h28.
Brasília - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, apresentou nesta terça-feira, 10, à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado as conclusões da autoridade monetária que constavam no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
No mês passado, o colegiado reduziu a Selic em 0,25 ponto porcentual, para 6,5% ao ano, o piso histórico da taxa básica de juros. Ilan Goldfajn lembrou que o Copom sinalizou uma flexibilização monetária moderada adicional na próxima reunião, para mitigar o risco de adiamento da convergência da inflação à meta.
"Essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar à interrupção do processo de flexibilização monetária, no caso dessa mitigação se mostrar desnecessária", ponderou o presidente do BC.
Para reuniões além da próxima, ele citou que o Copom sinalizou como adequada uma interrupção dos cortes na Selic, para que o BC possa avaliar os próximos passos da política monetária. "O processo atual de flexibilização tende a estimular a economia", completou.
Ele disse aos senadores que as projeções do Copom corroboram a expectativa de convergência da inflação para a meta. "A inflação projetada para 2018 e próximos anos está sob controle", enfatizou, ao citar que o cenário de mercado considerado pelo BC no último RTI aponta para o IPCA em 3,8% em 2018, 4,1% em 2019 e 4,0% em 2010.
"No ambiente doméstico, ressalto a conjunção de três fenômenos positivos que têm caracterizado a evolução de nossa economia desde o ano passado: a redução da inflação; a queda das taxas de juros; e a recuperação da economia", afirmou, lembrando a projeção de mercado de alta do PIB em 2,8% em 2018 e 3,0% em 2019.
Já em relação à economia internacional, ele repetiu que o cenário externo tem se mostrado ainda favorável, na medida em que a atividade econômica cresce globalmente.
"Apesar de o cenário internacional encontrar-se ainda benigno, não podemos contar com essa situação perpetuamente. O Brasil tem amortecedores robustos e, por isso, está menos vulnerável a choques internos ou externos", garantiu.
Ilan Goldfajn citou o estoque de reservas internacionais e um menor volume de swaps cambiais, que funcionariam como um seguro em momentos turbulentos do mercado. "Com isso, o BC dispõe de mais espaço para combater eventuais choques", completou.
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, defendeu novamente a aprovação do projeto que cria o depósito voluntário para as instituições bancárias. Segundo ele, isso reduzirá a necessidade de o BC realizar operações compromissadas, que têm impacto na dívida bruta.
"Infelizmente não temos ainda outro instrumento para substituir as operações compromissadas. Mas os depósitos voluntários podem ajudar a reduzir essas operações e assim estaremos mais próximos do que ocorre em outros países", afirmou Ilan.
Ele disse aos senadores que as operações compromissadas são um instrumento transparente que não traz prejuízos para o País.
"Acumulamos nos últimos anos reservas que equivalem a 20% do PIB e precisamos das operações compromissadas para enxugar isso. Mas seria mais confortável não termos um instrumento único", completou.