Economia

Copom se reúne e economistas não creem em mudanças

A expectativa é que o comitê mantenha a Selic no atual patamar de 12,5% ao ano

Este ano, o Copom elevou a taxa básica de juros em todas as reuniões (Agência Brasil)

Este ano, o Copom elevou a taxa básica de juros em todas as reuniões (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2011 às 14h51.

Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) iniciou na tarde de hoje (30) a sexta reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic. Mesmo com o anúncio de que o governo vai aumentar o superávit primário, destinado ao pagamento dos juros da dívida pública, a expectativa dos economistas ouvidos pela Agência Brasil é que o Copom mantenha a Selic no atual patamar de 12,5% ao ano.

Na avaliação do vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Oliveira, a ampliação do superávit deve contribuir, no futuro, para que o BC reduza os juros básicos, mas, neste momento, espera que a taxa permaneça como está. “Não acredito que, no curto prazo, essa medida [ampliação do superávit primário] vai ser suficiente para levar o Banco Central a reduzir juros”. Para ele, o Copom ainda irá avaliar se a tendência é de agravamento da crise econômica mundial. Além disso, Oliveira alertou para o fato de que os índices de preços ainda mostram pressão inflacionária.

O vice-presidente do Conselho Federal de Economia (CFM), Mário Sérgio Fernandez Sallorenzo, defende a manutenção do atual patamar da Selic, mas com viés de baixa, ou seja, a possibilidade de o presidente do BC, Alexandre Tombini, reduzir a taxa a qualquer momento antes da próxima reunião ordinária do Copom, marcada para outubro. “É difícil que haja aumento, é difícil que haja uma redução [da Selic]. O que se espera é que haja uma definição de viés de baixa, porque o governo federal tem feito esforços para reduzir gastos e isso consome menos a demanda na economia, facilitando assim o controle de preços”, disse Sallorenzo. Dessa forma, “o Banco Central poderia, em determinado momento ou a partir de alguns indicadores mais tranquilizadores, baixar essa taxa de juros”, concluiu o economista.

Este ano, o Copom elevou a taxa básica de juros em todas as reuniões. A Selic já acumula alta de 1,75 ponto percentual em 2011. O comitê eleva a Selic quando considera que a economia está muito aquecida, com trajetória de inflação em alta. Juros básicos elevados estimulam a poupança. Por outro lado, a taxa básica é reduzida quando o objetivo é estimular gastos para aquecer a atividade econômica.

Ontem (29), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o maior esforço fiscal viabiliza a redução dos juros básicos. “Em curto, médio e longo prazos, essa atitude de fortalecer a nossa situação fiscal é no sentido de abrir espaço para que haja redução dos juros”, disse o ministro ao anunciar a elevação do superávit primário deste ano.

Hoje, a presidenta Dilma Rousseff também defendeu a redução da Selic, com o argumento de que o país está criando condições para isso. Dilma disse ainda que a queda dos juros é necessária para o crescimento do Brasil, que pratica uma das mais altas taxas de juros do mundo.

O Copom é formado pelo presidente e diretores do BC e as reuniões para definir a taxa Selic são divididas em duas partes. No primeiro dia da reunião, chefes de departamento do BC apresentam aos diretores análises sobre a conjuntura, que abrange informações sobre inflação, nível de atividade econômica, contas externas, mercado de câmbio, economia internacional, entre outros assuntos. No segundo dia da reunião, os diretores definem a taxa básica.

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