Banco Central do Brasil (BCB) (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 20 de setembro de 2023 às 18h44.
Última atualização em 20 de setembro de 2023 às 18h46.
O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu os juros em 0,5 ponto percentual, para 12,75% ao ano, nesta quarta-feira, 20. Essa foi a segunda queda consecutiva da Selic e era amplamente esperada pelo mercado. Ao contrário das últimas reuniões, os diretores do Banco Central (BC) não foram pressionados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por integrantes da equipe econômica pela decisão.
Os membros do Copom também sinalizaram que na próxima reunião do colegiado, marcada para 31 de outubro e 1º de novembro, a tendência é de novo corte de 0,5 ponto percentual. O colegiado informou que o processo de desinflação em curso e a definição das metas de inflação para os próximos anos favoreceram a queda de juros.
"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. O Comitê ressalta ainda que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", informou o BC, em comunicado após a reunião do Copom.
Como mostrou a EXAME, o Tesouro Nacional pode economizar R$ 309,5 bilhões com o custo da dívida pública até o fim de 2024 com a queda da Selic. Desse total, R$ 45,1 bilhões devem deixar de ser gastos se os juros terminarem o ano em 11,75% ao ano.
No fim do próximo, com a taxa em 9,5% ao ano, o governo deve poupar outros R$ 264,4 bilhões. A estimativa é do estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, Daniel Leal.
A dúvida entre os analistas -- e de todos que acompanham no detalhe a política monetária e econômica -- é como a autoridade monetária se comportará a partir de 2024, quando terá mais dois membros indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No mercado, as apostas têm migrado para que o corte dos juros termine 2023 em 11,75% ao ano, com mais três cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual. Um debate incipiente considerou uma aceleração do ritmo para 0,75 ponto percentual, mas perdeu força. Entretanto, para 2024, ainda não há clareza sobre como o BC se comportará.
O Copom reduziu os juros em 0,5 ponto percentual, para 12,75% ao ano.
A taxa Selic é a taxa básica de juros no Brasil, ou seja, aquela que vai nortear todos os demais juros, tanto para quem recebe, quanto para quem paga. Ela é importante para quem realiza algum empréstimo ou financiamento em alguma instituição financeira e também para quem investe.
O Banco Central possui um sistema conhecido como Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, onde acontecem as compras e vendas de títulos públicos, e se utiliza a taxa Selic para nortear qualquer operação.
É justamente o nome desse sistema que faz a taxa básica de juro no Brasil ser conhecida como Selic. Quando nos referimos à negociação de títulos públicos no sistema do BC, se tratam de operações de empréstimo de curto prazo que são feitas entre instituições, que por sua vez, tem como garantia esses títulos.
A taxa Selic é o instrumento usado no combate à inflação no Brasil, e de uma série de medidas de política monetária adotadas pelo Banco Central na tentativa de manter a economia do país estável. Quando a taxa cai, a tendência é de redução de custos para contratar empréstimos e para fazer investimentos na economia real.