Diretoria do Banco Central também sinalizou que mudança das metas do novo arcabouço fiscal teria impacto negativo sobre a política monetária (Divulgação/Banco Central/Exame)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 26 de setembro de 2023 às 08h41.
Última atualização em 26 de setembro de 2023 às 08h48.
O Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou nesta terça-feira, 26, quando publicou a ata da última reunião de colegiado que levou a Selic para 12,75% ao ano, que manterá o ritmo de cortes dos juros em 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. Além disso, os diretores do Banco Central (BC) afirmaram que julgam como pouco provável a aceleração do ritmo de queda da taxa, para 0,75 ponto percentual.
"O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva. Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços", informou o BC.
Os membros do Copom também alertaram que manter as metas definidas no novo arcabouço fiscal é essencial para a credibilidade do país, para o processo de queda de juros e para a recuperação da economia. Uma mudança de meta poderia brecar a queda da Selic.
"Por fim, o Comitê avalia que parte da incerteza observada nos mercados, com elevação de prêmios de risco e da inflação implícita, estava anteriormente mais em torno do desenho final do arcabouço fiscal e atualmente se refere mais à execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e o atingimento das metas fiscais. Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas", informou o BC.
Em outro trecho da ata, o Copom aponta que as expectativas de inflação seguem como um fator de preocupação, diante do temor que o governo não atinja as metas fiscais e de que o BC poderia se tornar mais leniente no combate à inflação.
"As expectativas de inflação, após apresentarem reancoragem parcial, seguem sendo um fator de preocupação. O Comitê seguiu avaliando que, entre as possibilidades que justificariam observarmos expectativas de inflação acima da meta estariam as preocupações no âmbito fiscal, receios com a desinflação global e a possível percepção, por parte de analistas, de que o Copom, ao longo do tempo, poderia se tornar mais leniente no combate à inflação. Desse modo, o Comitê avalia que a redução das expectativas virá por meio de uma atuação firme, em consonância com o objetivo de fortalecer a credibilidade e a reputação tanto das instituições como dos arcabouços econômicos", informou o BC.