Economia

Copom mantém juro em 18% sem viés

O Comitê de Política Monetária decidiu manter a taxa básica de juro do país em 18 por cento ao ano, o mesmo nível desde julho, em sua última reunião antes do primeiro turno das eleições presidenciais, diante "de um quadro de volatilidade e incertezas". O Banco Central optou por retirar o viés de baixa da […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h26.

O Comitê de Política Monetária decidiu manter a taxa básica de juro do país em 18 por cento ao ano, o mesmo nível desde julho, em sua última reunião antes do primeiro turno das eleições presidenciais, diante "de um quadro de volatilidade e incertezas". O Banco Central optou por retirar o viés de baixa da última reunião, que permitiria um corte da taxa antes do anúncio da próxima taxa --nos dias 22 e 23 de outubro.

Segundo a agência de notícias Reuters, 21 de 22 economistas entrevistados apostavam que a Selic continuaria inalterada devido à pressão no câmbio e ao repasse da alta do dólar aos preços. Apesar disso, 15 dos profissionais consultados acreditavam que o Copom manteria o viés de baixa.

Na terça-feira, a vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Anne Krueger, atribuiu os altos juros brasileiros às incertezas eleitorais, acrescentando que as taxas deveriam cair "para níveis normais" após as eleições.

Desde a última reunião do Copom, em 22 de agosto, até o final da semana passada, o dólar mantinha-se ao redor do nível de 3,1 reais. Nesta manhã, ambalada por preocupações eleitorais, a moeda norte-americana disparou e retornou a patamares acima de 3,346 reais (leia mais ao lado).

A reação negativa do mercado com o crescimento de Lula nas pesquisas - a qual fez o dólar fechar em alta toda a semana - é considerada exagera por alguns analistas. Afinal, como explicar o repentino temor com Lula, que desde o princípio da campanha sempre liderou as pesquisas com relativa folga? "O mercado tem movimentos interessantes e nem sempre justificáveis, pelo menos à primeira vista", afirmam os analistas do Lloyds TSB. "O risco-Ciro foi superestimado, já que o risco-Lula nunca deixou de existir."

De qualquer forma, na opinião do Lloyds é que o medo do mercado é exagerado. Primeiro, porque a eleição ainda não está definida. Segundo, porque as declarações de Lula e de sua equipe são positivas em relação à condução política econômica a partir de 2003.

A incerteza eleitoral é uma das justificativas do BC, que deve olhar principalmente para o comportamento do núcleo da inflação. A trajetória é de alta: passou de 0,51% em julho para 0,65% em agosto e a taxa acumulada em 12 meses atingiu 7,16%. Muito acima da meta acertada para 2003.

Não podem ser desconsideradas ainda a desvalorização do real e a deterioração do cenário internacional. Estes fatores completam as razões pelas quais o BC, mesmo considerando a taxa de juros atual elevada, manteve seu percentual.

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