Banco Central: reunião do Copom que começa hoje será a primeira com o novo presidente, Ilan Goldfajn, e quatro novos diretores (Ueslei Marcelino/ Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2016 às 08h22.
A primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sob o comando do novo presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, tem início na tarde desta terça-feira (19), em Brasília.
A segunda parte da reunião será realizada amanhã (20), quando será divulgada a decisão do colegiado sobre a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 14,25% ao ano.
Esta será também a primeira reunião com a participação de quatro novos diretores: Carlos Viana de Carvalho (Política Econômica), Tiago Couto Berriel (Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos), Reinaldo Le Grazie (Política Monetária) e Isaac Sidney Menezes Ferreira (Relacionamento Institucional e Cidadania).
A decisão do Copom sobre a Selic será tomada no momento em que a inflação mostra sinais de que está cedendo e a atividade econômica permanece em queda.
Em junho, a inflação - medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - caiu 0,43 ponto percentual em relação a maio ao passar de 0,78% para 0,35%. Com a desaceleração, o IPCA fechou o primeiro semestre do ano com alta acumulada de 4,42%, resultado abaixo dos 6,17% registrados em igual período de 2015.
Em 12 meses, o IPCA ficou em 8,84%, 0,48 ponto percentual abaixo dos 9,32% dos 12 meses anteriores.
Já a atividade econômica voltou a cair em maio. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado (ajustado para o período) apresentou queda de 0,51% em maio, comparado a abril.
Em abril, houve uma interrupção de 15 meses seguidos de queda, com crescimento de 0,07%, na comparação com março, de acordo com dados atualizados. Em 12 meses encerrados em maio, a retração ficou em 5,43% e no ano, em 5,79%.
Meta de inflação
No último dia 28, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que alcançar o centro da meta de inflação, de 4,5%, em 2017 é uma expectativa ambiciosa e crível. Para ele, atingir esse objetivo é algo ambicioso porque a inflação em 2015 foi “mais que o dobro da meta”.
“O ano de 2015 foi de choque, inflação muito elevada, em parte devido à depreciação forte [do real], a inflação de [preços] administrados muito forte. Desde então, o objetivo do regime de metas tem sido fazer a convergência de volta para o centro da meta”, disse, ao divulgar o Relatório de Inflação.
A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e o presidente do BC) é de 4,5% e pode chegar ao máximo de 6,5% este ano e 6% em 2017.
Entretanto, para este ano, o BC projeta estouro da meta de inflação por conta da alta dos preços administrados e também dos agrícolas. De acordo com as estimativas do BC, a inflação deve ficar em 6,9%, este ano, e em 4,7%, em 2017.
Taxa básica
O principal instrumento usado pelo BC para controlar a inflação é a taxa básica de juros, usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação.
Quando mantém a taxa, o Copom considera que ajustes anteriores foram suficientes para alcançar o objetivo de controlar a inflação.
Desde julho de 2015, os juros básicos estão em 14,25% ao ano, no maior nível desde outubro de 2006. Pelas expectativas de instituições financeiras, a Selic será mantida nesse patamar na reunião deste mês, mas até o final do ano será reduzida, mesmo com o discurso do BC de que não há espaço para cortes na Selic.
De acordo com as projeções, ao final de 2016 a Selic estará em 13,25% ao ano. Em 2017, a expectativa é de mais cortes na taxa Selic, que encerrá o período em 11% ao ano.
De acordo com a pesquisa do BC às instituições financeira, a Selic começará a cair em outubro deste ano, quando deve ficar em 13,75%, com nova queda em dezembro para 13,25% ao ano.
Na reunião marcada para agosto deste ano, não há expectativa de redução da Selic. Por essas projeções, a Selic continuará a ser reduzida no próximo ano até outubro, quando deve chegar a 11% ao ano e será mantida nesse patamar na reunião do Copom de dezembro de 2017.
Novidades
No primeiro dia de reunião do Copom, chefes de departamentos do BC apresentam uma análise da conjuntura doméstica, com dados sobre a inflação, o nível de atividade econômica, as finanças públicas, a economia internacional, o câmbio, as reservas internacionais e o mercado monetário, entre outros assuntos.
No segundo dia, após análise da perspectiva para a inflação e das alternativas para a Selic, os diretores e o presidente do banco definem a taxa.
No último dia 12, o BC anunciou que, a partir desta reunião, a divulgação da taxa ocorrerá por volta das 18h, cerca de uma hora depois do fechamento do mercado financeiro. Anteriormente, a taxa Selic era anunciada entre 19h30 e 21h.
Para a alteração, o horário de começo do segundo dia de reunião do Copom mudou de 16h30 para 14h. O BC também anunciou a alteração do dia de divulgação da ata da reunião, com as explicações para a decisão sobre a Selic.
Agora, esse documento será divulgado na terça-feira seguinte e não mais às quintas-feiras.
Outra novidade é que, nesta primeira reunião sob o comando de Goldfajn, fotógrafos e cinegrafistas poderão fazer registros de imagens do início do encontro.
Na gestão de Alexandre Tombini também houve, uma vez, abertura para registro de imagens, segundo a assessoria de imprensa do BC.