Economia

Copom eleva Selic em 0,25 pp, para 10,75% ao ano, e sinaliza novas altas de juros

A decisão dos diretores do Banco Central era amplamente esperada pelo mercado. Dúvida sobre tamanho do ciclo ainda persiste

Membros do Copom: diretores do BC foram unânimes na decisão de subir os juros em 0,25 ponto percentual ( Raphael Ribeiro/BCB/Flickr)

Membros do Copom: diretores do BC foram unânimes na decisão de subir os juros em 0,25 ponto percentual ( Raphael Ribeiro/BCB/Flickr)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 18 de setembro de 2024 às 18h46.

Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 17h46.

Tudo sobreCopom
Saiba mais

Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, nesta quarta-feira 18, aumentar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. A decisão era amplamente esperada pelo mercado. Além disso, os diretores do Banco Central (BC) sinalizaram que os juros devem voltar a subir, mas não se comprometeram com um percentual específico e nem com o tamanho do ciclo.

"O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", informou o BC.

Apesar de sinalizar nova elevação dos juros, persiste no mercado a dúvida sobre o tamanho do ciclo de alta. Entre economistas e analistas, parte das apostas indicam que a Selic pode subir entre 11,5% e 12% ao ano. Outro grupo defende o processo de elevação da taxa no Brasil pode ser menor, em virtude da desaceleração global, da redução do nível de atividade nos Estados Unidos e da queda de juros promovida pelo Federal Reserve (FED).

Esses três fatores têm potencial para reduzir o preço do dólar, o valor das commodities e contribuir para uma queda da inflação. Além disso, o diferencial de juros entre o Brasil e o Estados Unidos tende a atrair capital estrangeiro para o país, o que pode baratear ainda mais o custo da moeda norte-americana.

Transição para a gestão Galípolo

A decisão desta quarta é a primeira desde que o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, assumiu as rédeas da comunicação da autoridade monetária e foi indicado para presidir o BC. Além disso, a unânimidade entre os membros do Copom é importante para ancorar expectativas e para mostrar que há coerência entre o discurso e as ações do futuro presidente do BC.

Caberá a ele, a partir de agora, buscar a ancoragem das expectativas de inflação, diante das incertezas fiscais que rondam o país. E, como mostrou a EXAME, as declarações de Galípolo levaram o mercado e os economistas a precificar uma alta de juros na reunião do Copom desta quarta.

Galípolo conta com a simpatia de Lula e sempre se preocupou em manter boas relações políticas no PT e em outros partidos. Um exemplo disso é que, além de Fernando Haddad, ele também compareceu a festa de aniversário do José Dirceu, o que causou estranheza entre alguns presentes na ocasião. Essa proximidade com os políticos deve garantir uma sabatina tranquila no Senado, avaliam técnicos do governo. A expectativa é agendar a sabatina até 8 de outubro.

Nas reuniões privadas que têm feito com analistas, banqueiros e empresários, Galípolo tem sinalizado  que não pretende adotar uma postura de alinhamento político e econômico ao governo. E que fará o que for necessário para controlar a inflação, mesmo que isso signifique subir os juros.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralSelicJurosCopomInflaçãoIPCA

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor