Se a previsão for confirmada, este seria o 12º corte consecutivo à taxa Selic, que em outubro de 2016 era de 14,25% (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)
AFP
Publicado em 20 de março de 2018 às 15h30.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (Bacen) deve reduzir, nesta quarta-feira (21), a taxa básica de juros Selic em 0,25 ponto percentual, a um novo mínimo histórico de 6,50%, diante do crescimento econômico e da inflação fracos - segundo analistas ouvidos pela AFP.
Se a previsão for confirmada, este seria o 12º corte consecutivo à taxa Selic, que em outubro de 2016 era de 14,25%.
Na última reunião do Copom, em 7 de fevereiro, o grupo decidiu por um corte de 0,25 ponto percentual, que poderia ser o último do ciclo. Contudo, os integrantes deixaram as portas abertas para "uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos".
E os indicadores divulgados desde então levaram à mesma leitura, segundo Jason Vieira, analista da Infinity Asset Management.
O analista se referiu ao crescimento fraco do consumo das famílias no 4º trimestre de 2017 e à baixa inflação de fevereiro (0,32%, a menor para este mês do ano desde 2000).
No acumulado em 12 meses, a alta dos preços medida pelo índice IPCA marca uma alta de 2,84%, abaixo do piso de 3% da meta estabelecida pelo Bacen, cujo centro é de 4,5%.
A inflação em 2017 foi de 2,95%, a menor em 20 anos, e o crescimento econômico foi de 1%, após dois anos consecutivos de retração (-3,5%, tanto em 2015, quanto em 2016).
Há sete semanas, analistas reduzem suas previsões de inflação para este ano. Atualmente, é de 3,63%.
Vieira descarta riscos de deflação - fenômeno que desestimula o consumo e os investimentos -, mas vê poucas possibilidades de os preços se consolidarem, em parte devido a uma "situação climática melhor do que no ano passado, com perspectiva de uma safra positiva", o que manteria a baixa pressão sobre os preços dos alimentos.
Ele acredita, contudo, que o corte de março será o último, porque o BC deve "operar com prudência, dada a defasagem entre decisões de política monetária e o impacto na economia real, de seis a nove meses". Este prazo vai até dezembro, último mês do mandato do presidente Michel Temer e do presidente do BC, Ilan Goldfajn.
Caso o Copom decida não realizar novos cortes, isso indicaria uma postura "conservadora", dando a entender que não considera tomar novas iniciativas antes de 2019.
Esse seria um indício de preocupação em meio à incerteza, devido à ausência de qualquer candidato pró-mercado que tenha despontado com força para as eleições deste ano.
A próxima reunião do Copom se dará nos dias 15 e 16 de maio.