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Da Redação
Publicado em 26 de janeiro de 2012 às 08h58.
São Paulo - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sinalizou que a taxa básica de juros do país -hoje em 10,50 por cento ao ano- caminha para chegar a um dígito e que o cenário de inflação ainda mostra sinais mais favoráveis.
Segundo a ata do Copom publicada nesta quinta-feira, o aumento na oferta de poupança externa e a redução do seu custo de captação têm contribuído para a redução das taxas de juros domésticas. O comitê considera ainda, segundo o documento, que o processo de redução dos juros foi favorecido por mudanças na estrutura dos mercados financeiros e de capitais, bem como pela geração de superávits primários.
"O Copom atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito", traz o documento.
Na semana passada, o Copom voltou a reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, o quarto corte seguido dessa magnitude desde agosto passado, quando deu início ao processo de afrouxamento monetário.
Na ata, o comitê entende que aumentou, em relação à última reunião de novembro, a probabilidade de os preços se situarem ao redor do valor central de 4,5 por cento neste e no próximo ano.
"O Comitê nota que, no cenário central com que trabalha, a taxa de inflação posiciona-se em torno da meta em 2012, e são decrescentes os riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta", informou o documento.
A meta oficial do governo é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Na ata, o Copom reforçou que é preciso um ambiente de contenção das despesas públicas para conter a demanda agregada e atacar a deterioração do cenário internacional. "Esses elementos e os desenvolvimentos no âmbito parafiscal são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas", traz ata da última reunião.
O BC sublinhou que considera para suas previsões o cumprimento da meta cheia de superávit primário -economia feita pelo setor público para pagamento de juros- de 139,8 bilhões de reais, sem ajustes, em 2012. E a geração de superávit primário de 3,10% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, também sem ajustes.
O economista-chefe da corretora Raymond James, Mauricio Rosal, disse que a ata, ao citar a probabilidade elevada de os juros caírem para um dígito, foi contraditória com os sinais dados pelo BC até agora, lembrando o último Relatório Trimestral de Inflação de dezembro, quando a autoridade monetária chegou a indicar a possibilidade de elevar novamente a Selic por pressões inflacionárias.
"A mensagem do parágrafo 35 (na ata, sobre a "elevada probabilidade" de que Selic caia a um dígito) também está em contradição com as projeções do documento. Se havia alguma dúvida sobre a disposição do Banco Central em puxar a taxa para um dígito, acho que isso muda bastante. As taxas curtas (no mercado futuro) vão cair e as longas subir", afirmou.
O Copom avalia ainda que a demanda doméstica continua robusta. "Especialmente o consumo das famílias, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão do crédito", afirmou a ata.
No documento, o BC sustenta que ambiente favorável ao consumo "tende a prevalecer neste e nos próximos trimestres, quando a demanda doméstica será impactada pelos efeitos das ações de política monetária recentemente implementadas".