Prédio do Banco Central em Brasília: autonomia formal está em debate (Gregg Newton/Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 29 de julho de 2015 às 21h10.
São Paulo - O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou hoje um aumento de meio ponto percentual, de 13,75% para 14,25%, na taxa básica de juros da economia, a Selic.
A decisão foi por unanimidade e sem viés. Segundo o comunicado, "o Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016".
É o sétimo aumento seguido da Selic, o sexto de meio ponto. A última vez que a taxa chegou a este patamar foi em outubro de 2006 – mas na época, a trajetória era de queda (veja o histórico).
A decisão veio dentro do esperado pela maior parte dos economistas e instituições financeiras, de acordo com o último Boletim Focus e outros relatórios.
A expectativa de uma alta menor, de 0,25 ponto, cedeu após as declarações do diretor de Política Econômica do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva, na última sexta-feira.
Ele disse que "o progresso até agora no combate à inflação precisa ser equilibrado diante de riscos mais recentes que ameaçam nosso objetivo central”.
Recentemente, o governo reduziu a meta de superávit primário em 2015 para 0,15% e teve sua nota da dívida colocada em perspectiva negativa pela Standard & Poor's.
Houve forte queda da bolsa e alta do dólar, tendência que se reverteu parcialmente hoje.
O mercado acredita que a alta dos juros de hoje foi a última do ano. A ata será divulgada na próxima quinta-feira, 06 de agosto, e o próximo encontro está marcado para os dias 01 e 02 de setembro.
Cenário
A inflação do mês de julho será divulgada no próximo dia 07. Os últimos números do IPCA-15 mostram o acumulado de 12 meses em 9,25%, o mais alto desde 2003.
Como a inflação de 2015 já estourou de longe o teto da meta definida pelo governo, o esforço do Banco Central neste momento é garantir uma convergência para o centro da meta no ano que vem.
A expectativa é que em 2016, o IPCA sofra sua maior queda em 20 anos. A última previsão do Focus é de inflação de 9,23% em 2015 e de 5,40% no ano que vem.
Quando o Copom aumenta os juros, encarece o crédito e estimula a poupança, o que faz com que a demanda seja contida e faça menos pressão sobre a atividade e os preços. Cortar os juros causa o efeito contrário.
O Brasil é campeão mundial de juros reais entre 40 países, segundo ranking do MoneYou com a Infinity Asset Management.