Placa em língua inglesa da Copa do Mundo: a consultoria aponta que nas duas edições anteriores do evento os impactos nas economias locais foram questionáveis (Gregg Newton/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2014 às 11h30.
São Paulo - A Copa do Mundo deve ter um impacto positivo muito pequeno na economia do Brasil - se é que o efeito líquido será mesmo benéfico - segundo uma avaliação da britânica Capital Economics.
Na análise da consultoria, a competição não ajudará o país a resolver os problemas estruturais que prejudicam o crescimento no longo prazo.
A Capital Economics explica que os benefícios da Copa se dão por dois canais.
O primeiro deles é o aumento nos investimentos do governo e o segundo são os gastos dos consumidores, em especial dos turistas.
A consultoria lembra que o orçamento inicial do torneio era de quase R$ 23 bilhões, sendo um terço para construir os estádios e dois terços para melhorar a infraestrutura, sobretudo de transportes.
Esse volume representa aproximadamente 1% do PIB anual brasileiro, mas foi diluído ao longo dos anos.
Em termos relativos, o orçamento é maior do que o feito na Copa de 2010, na África do Sul (0,8% do PIB local) e do que o realizado no Mundial de 2006, na Alemanha (0,3% do PIB).
Entretanto, o próprio governo brasileiro estima que os investimentos na verdade ficaram em torno de dois terços do total previsto inicialmente.
"O Brasil tem um histórico péssimo na implementação de programas públicos de investimento", diz a Capital Economics.
Turistas
Em relação aos gastos dos turistas, a consultoria aponta que o governo espera que a Copa atraia quase 600 mil visitantes para as cidades-sede.
Com uma estimativa arbitrária de que cada turista passe dez dias e gaste cerca de US$ 500 por dia, isso significaria um total de US$ 3 bilhões.
"Pode parecer impressionante, mas é um volume pequeno em uma economia de US$ 2 trilhões. Os gastos adicionais dos turistas equivaleriam a apenas 0,1% ou 0,2% do PIB", explica o relatório.
A consultoria aponta que nas duas edições anteriores da Copa do Mundo os impactos nas economias locais foram questionáveis.
O campeonato de 2006 realmente coincidiu com uma aceleração na economia alemã, mas a África do Sul desacelerou em 2010, durante o torneio, e não houve um impulso de longo prazo para o país, como muitos esperavam.
Apesar do ceticismo em relação à Copa, o economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics, Neil Shearing, diz que aposta em uma vitória do Brasil na disputa.
"Nas seis Copas realizadas na América Latina um time do continente foi campeão", lembra.