Secagem de grãos de café em fazenda no Brasil (Leandro Moraes)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
São Paulo - A Cooxupé, maior cooperativa de café do Brasil, tem meta de aumentar as exportações do seu principal produto em 2013 em 17,9 por cento na comparação com o ano passado, após ter registrado um decréscimo nos embarques em 2012 frente a 2011, disse o presidente da instituição.
Segundo Carlos Paulino da Costa, o objetivo é elevar as exportações para 2,5 milhões de sacas de 60 kg, volume que superaria os 2,12 milhões do ano passado e os 2,45 milhões de sacas de 2011, ano em que os cafeicultores brasileiros tiraram proveito dos maiores preços em mais de 30 anos em Nova York para faturar com embarques mais volumosos.
O presidente da Cooxupé, com sede em Guaxupé, no sul de Minas Gerais, Estado que responde por cerca de metade da produção do Brasil, avaliou que os preços deverão ter uma recuperação, já que atingiram uma baixa considerada insustentável do ponto de vista da oferta e da demanda.
"Daqui a pouco chega no fundo do poço, daqui a pouco o café conilon vale mais do que o arábica, e pelo balanço mundial não está sobrando café, está em equilíbrio", afirmou Paulino à Reuters, observando que uma esperada recuperação nas cotações deve favorecer as vendas.
O café arábica negociado em Nova York fechou sexta-feira no menor valor em mais de dois anos e meio. Nesta segunda-feira as negociações foram suspensas na ICE Futures por conta de um feriado nos EUA.
"Acho que vai voltar ao ritmo normal (a exportação), o estoque é bom, mas não é fenomenal", disse o presidente da Cooxupé, ao comentar a baixa nos embarques em 2012, quando os produtores seguraram as vendas em um ano de safra recorde no Brasil, devido a preços pouco interessantes. Além disso, a colheita no ano passado foi prejudicada em seu início por chuvas atípicas, que afetaram inclusive a qualidade dos grãos.
Segundo Costa, os produtores também sabem que em anos de baixa no ciclo bianual do arábica, como é 2013, as cotações tendem a ficar mais firmes, incentivando a liberação de estoques e as exportações.
"O produtor se acostumou... ele vende um pouco em setembro e outubro e reserva uma parte para vender no ano seguinte que ele acha que o preço subirá", explicou.
Costa disse ainda que o fato de o preço do café conilon estar próximo do arábica, que tem qualidade superior, é uma "anomalia do mercado", "difícil de explicar".
Safra segue bom caminho
De acordo com o presidente da Cooxupé, o clima tem favorecido o desenvolvimento da safra de café, com colheita começando em meados do ano, e a cooperativa mantém a sua previsão de colher 7,25 milhões de sacas, contra 9,68 milhões em 2012.
Apesar de uma queda de 25 por cento ante o último ano de alta, a Cooxupé ainda aumentaria em cerca de 10 por cento a produção na comparação com 2011, último ano de baixa.
"O tempo está correndo bem, aumentar (a produção) não vai, não tem florada fora de época; quebrar, não vai, porque o tempo continua normal", disse ele.
Para o cafeicultor, o temor, por ora, se resume a eventuais chuvas na colheita. "A única preocupação é com a colheita. Se chover, prejudica a qualidade. Enquanto o café não estiver guardado no armazém, não tem segurança", comentou.
A exemplo da Cooxupé, outras regiões produtoras do arábica deverão colher mais em 2013 do que em 2011.
A nova safra de café do Brasil, o maior produtor e exportador mundial, foi estimada em janeiro em 48,57 milhões de sacas de 60 kg, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Será um recorde de produção para uma safra de baixa no ciclo bianual do café arábica, variedade que responde por cerca de 75 por cento da produção nacional.
No último ciclo de baixa, em 2011/12, a produção brasileira de café foi de 43,5 milhões de sacas.