Economia

Contaminação do Brasil não é cenário provável, diz economista

Zeina Latife, do Banco ING, projeta crescimento de 6,5% a 7% para o PIB neste ano

O mercado interno está puxando a economia brasileira (.)

O mercado interno está puxando a economia brasileira (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2010 às 15h32.

São Paulo - As incertezas geradas pela crise grega ainda não foram suficientes para esfriar o ânimo dos analistas em relação ao Brasil. Nesta segunda-feira, o mercado financeiro elevou pela 8ª semana consecutiva a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2010 - agora em 6,26% -, segundo o boletim Focus divulgado pelo Banco Central.

"Os analistas vão esperar sinais concretos de contaminação antes de alterar as projeções", explica a economista-chefe do Banco ING, Zeina Latife, que trabalha com um crescimento de 6,5% a 7% do PIB neste ano. A crise lá fora chegaria ao Brasil por meio da contração do crédito internacional. "Isso só ocorrerá numa situação dramática que atingiria os Piigs", diz Zeina, se referindo à sigla criada para classificar a fragilidade fiscal de Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. "Não parece ser um cenário muito provável", afirma a economista.

No Brasil, o quadro econômico segue turbinado pelos indicadores internos. A produção industrial e as vendas do varejo crescem rapidamente, o que impacta positivamente as projeções de PIB. Não é à toa que as expectativas inflacionárias continuam aumentando, apesar do início do aperto monetário pelo Banco Central, em abril.

Zeina Latife tem uma projeção mais otimista para o IPCA neste ano, de 5%, contra 5,5% do mercado. O cenário do Banco ING já inclui um câmbio um pouco mais desvalorizado, com o dólar a R$ 1,90 na ponta de dezembro. "Acreditamos que os preços das commodities vão se acomodar quando o Federal Reserve sinalizar o início do aperto monetário", explica Zeina. Isso trará um efeito benéfico nos preços dos alimentos - segmento que pressionou a inflação neste início de ano.

O cenário europeu ainda nebuloso, embora esteja longe de atingir o lado real da economia brasileira,  já influenciou a curva de juros do mercado. "As apostas de uma alta de um ponto percentual em junho murcharam", diz Zeina, que projeta elevação de 0,75 pp. na próxima reunião do Copom e  Selic de 11,50% no fechamento do ano.

 

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