Construção: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil recuou 8,2% no segundo trimestre frente igual período do ano passado (Alexandre Battibugli/Exame)
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2015 às 17h10.
São Paulo - A recomposição de estoques de materiais de construção e a substituição de importações por produtos nacionais podem ajudar o setor de construção civil no segundo semestre, de acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover.
Para ele, no entanto, os vetores positivos do setor são limitados e a construção civil deve registrar uma retração de aproximadamente 7% em 2015.
Em entrevista à reportagem, o executivo contou que houve uma redução de produtos em estoques em agosto, o que poderá incentivar uma nova rodada de encomendas e compras nos próximos meses.
Há também o efeito do câmbio no encarecimento das importações, estimulando a busca por ativos produzidos no País.
Essa melhora, ainda que ligeira, na perspectiva se reflete nas pesquisas da instituições junto a empresários. Entre os entrevistados pela associação, 11,1% das companhias projetam boas vendas em setembro, 55,6% têm expectativas regulares e outros 29,6% acreditam em um ambiente ruim.
A categoria de muito ruim ficou com 3,7% dos entrevistados. Para efeito de comparação, no mês de agosto, apenas 7,4% dos entrevistados viram bons resultados de agosto, enquanto 44,4% disseram que o período foi regular e 40,7% assinalaram o mês como ruim. Outros 7,4% apontaram o mês como muito ruim.
Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil recuou 8,2% no segundo trimestre frente igual período do ano passado.
O ritmo de baixa foi bem mais acentuado que o resultado anual do primeiro trimestre, quando a retração havia sido de 2,9%. Com isso, na relação com os três primeiros meses de 2015, o PIB no segmento registrou queda de 8,4%, marcando a maior queda na indústria, de acordo com o IBGE.
Diante do resultado, Walter Cover disse que a Abramat poderá revisar as projeções para o ano, que estavam inicialmente em retração real de 7%, mas o cenário deverá ter poucas modificações nos próximos meses.
A queda no PIB da construção tem sido direcionada principalmente por obras de infraestrutura, por conta das investigações no âmbito da Operação Lava Jato e da diminuição de investimento público, tanto em nível federal quanto estadual e municipal.
"A construção é um termômetro da crise", afirmou o executivo. "Quando o PIB sobe, a construção cresce ainda mais, mas quando o PIB cai, a construção tem retração mais acentuada", acrescentou. Para o executivo, é preciso reverter a tendência de queda no nível de emprego. Entre as sugestões, o presidente da Abramat citou estímulo a concessões e leilões de infraestrutura de "maneira adequada", com mais atrativos para empresários nacionais e estrangeiros.