Construção: segundo o IBGE, a indústria cortou 220 mil trabalhadores no período de um ano (Digital Vision/Thinkstock)
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de maio de 2017 às 10h52.
A construção cortou 646 mil trabalhadores no período de um ano, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O total de ocupados na atividade encolheu 8,7% no trimestre encerrado em abril de 2017 ante o mesmo período de 2016.
O comércio dispensou 174 mil empregados no trimestre encerrado em abril ante o mesmo período do ano anterior, queda de 1,0% na ocupação no setor.
Outras atividades com corte de vagas foram agricultura, pecuária produção florestal, pesca e aquicultura (-730 mil empregados, recuo de 7,7% no total de ocupados), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (-374 mil vagas, queda de 2,4%) e serviços domésticos (-163 mil empregados, redução de 2,6% no total de ocupados).
O setor de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas - que inclui alguns serviços prestados à indústria - registrou um avanço 149 mil vagas em um ano,1,5% de ocupados a mais.
Também houve aumento em março no contingente de trabalhadores de alojamento e alimentação (+548 mil empregados), outros serviços (+175 mil pessoas) e transporte, armazenagem e correio (+34 mil ocupados).
Segundo o IBGE, a indústria cortou 220 mil trabalhadores no período de um ano. O total de ocupados na atividade encolheu 1 9% no trimestre encerrado em abril de 2017 ante o mesmo período de 2016.
No entanto, houve melhora em relação ao trimestre móvel anterior encerrado em janeiro. A indústria contratou 204 mil pessoas, um crescimento de 1,8% no contingente de trabalhadores em um trimestre.
"É o primeiro resultado positivo após três anos sem aumento na indústria o contingente de ocupados. A indústria perdeu aproximadamente 1,8 milhão de trabalhadores em dois anos e agora começa a apresentar sinais de recuperação. Acho que a gente tem que ser bastante cauteloso. Não é um trimestre consolidado. É importante aguardar o segundo trimestre para ver se esse crescimento da indústria é só um soluço ou um movimento consolidado", ponderou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
No trimestre encerrado em abril de 2012, a indústria representava 14,8% de toda a população ocupada no País. Após os últimos anos de enxugamento da folha de pessoal, o setor responde atualmente por 12,9% dos ocupados, segundo os dados do trimestre encerrado em abril de 2017.
Segundo Azeredo, o trimestre encerrado em abril ante o trimestre encerrado em janeiro mostra uma movimentação ainda instável no mercado de trabalho.
"A gente tem que ser bastante cauteloso antes de dizer de que a indústria gerou vagas com a recuperação econômica... Senão como você vai explicar queda na população ocupada, aumento na desocupação, carteira assinada no menor nível histórica?", lembrou o pesquisador. "A gente está ainda num momento muito delicado no País", acrescentou Azeredo.
Em abril, o aumento na ocupação na indústria ante janeiro foi disseminado entre os setores da indústria de transformação, informou o coordenador do IBGE.