Notas de euro e dólar: operação mais popular no mercado de US$ 5,3 trilhões por dia está arriscada demais (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2015 às 21h44.
O melhor conselho do principal analista de moedas é evitar negociar o euro frente ao dólar.
A operação mais popular no mercado de US$ 5,3 trilhões por dia está arriscada demais por causa da agitação na Grécia e da incerteza em relação ao momento escolhido pelo Federal Reserve (Fed) dos EUA para elevar as taxas de juros, segundo o Credit Suisse Group AG.
O banco com sede em Zurique liderou os rankings cambiais da Bloomberg no segundo trimestre e recomenda apostar contra o dólar canadense, que está sendo prostrado devido aos declínios no preço do petróleo, e comprar a libra esterlina frente às moedas da Austrália ou da Nova Zelândia.
As hipóteses dos estrategistas de que as transações do euro frente ao dólar seriam impulsionadas por uma divergência clara entre as políticas monetárias descarrilaram pelos sinais de melhoria econômica na Europa, ao mesmo tempo em que dados ambíguos nos EUA adiaram as expectativas de um aumento das taxas.
Apesar da intensificação da crise na Grécia – que resultou na rejeição de um plano de resgate no referendo do domingo –, o euro tem sido surpreendentemente resistente e se valorizou frente ao dólar em junho.
“Francamente, há muitas partes em movimento, muitas contracorrentes”, disse Shahab Jalinoos, diretor mundial de estratégia cambial do Credit Suisse em Nova York.
“Existe uma combinação entre um resultado incerto da política econômica nos EUA, uma melhoria nos indicadores da zona do euro, que talvez alguns considerem temporária, e riscos políticos na Grécia”.
Voto pelo ‘Não’
O euro caiu nesta segunda-feira depois que o referendo grego indicou que 61 por cento dos votantes rejeitaram um plano de resgate, o que elevou o risco de saída da união monetária, que questionaria a integridade do bloco.
“O resultado nos estimula a manter intacta a nossa previsão atual de US$ 1,05 em três meses”, disse Jalinoos, cuja empresa liderou os rankings gerais da Bloomberg sobre previsões cambiais nos quatro trimestres encerrados em 30 de junho.
A empresa tinha ficado em segundo lugar na pesquisa anterior. “Esperamos que uma volatilidade significativa persista”.
O analista mais preciso das transações do euro frente ao dólar, o DNB ASA, disse na semana passada que está esperando o surgimento das repercussões do referendo grego antes de revisar suas estimativas.
O grupo norueguês de serviços financeiros estima que o Fed elevará em setembro suas taxas de juros, que estão quase zeradas. Como o Banco Central Europeu está injetando quantias de dinheiro sem precedentes na economia, isso deveria empurrar o euro para US$ 1,06 até o fim do ano, prevê o grupo.
A negociação do euro frente ao dólar responde por 24 por cento das transações cambiais, o que a torna a transação mais popular no maior mercado financeiro do mundo, segundo o Banco de Compensações Internacionais.
Os melhores analistas nos rankings da Bloomberg foram identificados ao calcular a média das pontuações individuais pela margem de erro, pelo momento escolhido e pela precisão na previsão direcional em 13 pares de moedas durante os quatro últimos trimestres.
Os bancos tinham que figurar no ranking em pelo menos oito dos pares para se qualificarem para a colocação geral, e 59 deles conseguiram. A pontuação do Credit Suisse, 60,8 pontos, se compara com os 59,05 pontos do segundo colocado, o Toronto-Dominion Bank, e com os 58,84 pontos do terceiro, o Saxo Bank A/S.
Moedas de commodities
O Credit Suisse também está mais convencido do enfraquecimento das moedas de commodities.
O credor suíço projeta que a moeda canadense, conhecida como o loonie, vai se desvalorizar de cerca de 1,26 dólar canadense por dólar americano para 1,29 dólar canadense por dólar americano neste ano.
Comprar a libra e vender o dólar da Nova Zelândia é uma operação popular em meio à especulação de que o Banco da Inglaterra aumentará as taxas de juros no ano que vem e porque a queda dos preços dos laticínios está afetando o país no Oceano Pacífico Sul, segundo o Credit Suisse.
“Estamos observando uma tendência de valorização da libra esterlina frente ao kiwi, com base apenas no caso de uma política monetária muito mais limpa que não tem nada a ver com a Europa per se”, disse Jalinoos.