Refinaria de petróleo: margens são as mais baixas dos últimos anos na Europa e na Ásia. (Ginosphotos/Thinkstock)
Ligia Tuon
Publicado em 22 de junho de 2019 às 08h00.
Última atualização em 22 de junho de 2019 às 08h00.
Um produto obscuro processado por refinarias de petróleo tem uma história sombria para contar aos investidores sobre as perspectivas para a economia global.
Esse produto é a nafta, usada na fabricação de diversos produtos, além de ser essencial para a produção de gasolina. As margens das refinarias de petróleo são as mais baixas dos últimos anos na Europa e na Ásia. Algumas petroquímicas na Ásia estão até perdendo dinheiro no processamento, uma raridade.
Sinais de fraqueza da indústria manufatureira na China dificilmente poderiam ter chegado em pior época para o mercado, devido ao cenário de crescente oferta de gás e óleo de xisto dos EUA, que inundou as petroquímicas de matérias-primas de que necessitam para suas operações.
Com algumas dessas usinas em manutenção, não é de admirar que o mercado de nafta esteja em baixa.
"A demanda por nafta é simplesmente muito sensível ao clima econômico e ao crescimento", disse Jan-Jacob Verschoor, diretor da Oil Analytics, de Londres, que monitora as margens de centenas de refinarias de petróleo em todo o mundo. "A guerra comercial, com a escalada de tarifas, minou a confiança do setor de manufatura no Oriente, enfraquecendo as margens das petroquímicas."
A disputa comercial entre EUA e China parece afetar a economia do país asiático, um mercado vital para a demanda de nafta. As vendas no varejo estão no nível mais baixo em muitos anos, e o comércio de carros mostra queda há 12 meses seguidos.
A demanda não é o único problema. A nafta compete com o propano como matéria-prima para as petroquímicas.
A recente queda do preço do gás liquefeito de petróleo, outra consequência do boom energético dos EUA, diminuiu muito o apelo da nafta nas últimas cinco semanas, escreveu Hui Heng Tan, analista da Marex Spectron, em relatório de 10 de junho.
Com a expectativa de alta das exportações de GLP dos EUA, a demanda por nafta das petroquímicas pode não se recuperar tão cedo.
O outro mercado no qual a nafta é amplamente utilizada - a gasolina - não está cobrindo o superávit criado pela fraca demanda do setor petroquímico.
Normalmente, quando há um aumento na demanda por gasolina, as compras de nafta também sobem, de acordo com a JBC Energy. No entanto, a recente alta dos preços da gasolina na Europa não fortaleceu as margens da nafta. Para a consultoria de Viena, isso pode ser um sinal de que o mercado está realmente fraco.