Economia

Conflito comercial ameaça relação Brasil-Argentina

O conflito foi desencadeado pelos obstáculos impostos pelo Brasil à importação de automóveis

Ministra da indústria da Argentina, Débora Giorgi: a decisão afeta 50% do total do comércio bilteral (Evaristo Sa/AFP)

Ministra da indústria da Argentina, Débora Giorgi: a decisão afeta 50% do total do comércio bilteral (Evaristo Sa/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2011 às 23h47.

Buenos Aires - A ministra da Indústria argentina, Débora Giorgi, se reunirá nesta terça-feira com o embaixador brasileiro em Buenos Aires a fim de agendar diversas reuniões bilaterais para abordar o conflito desencadeado pelos obstáculos impostos pelo Brasil à importação de automóveis.

Débora e o secretário de Indústria, Eduardo Bianchi, se reunirão com o embaixador brasileiro em Buenos Aires, Enio Cordeiro, para combinar, inclusive, um encontro com seu colega brasileiro, Alessandro Teixeira, "que acontecerá nos próximos dias".

"Depois desse encontro haverá uma reunião" entre o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior brasileiro, Fernando Pimentel, e Débora, segundo um breve comunicado da pasta argentina.

Os ministros "falaram nesta segunda-feira em várias oportunidades e concordaram em destacar que a relação comercial bilateral é de parceiros estratégicos. Sendo assim, o setor automotivo não será afetado nem de um lado nem do outro da fronteira", conclui o comunicado.

Segundo afirma a agência estatal Télam, "não avançaram de maneira significativa" com esses contatos telefônicos, já que titular da Indústria voltou a pedir ao seu colega brasileiro que levante os obstáculos, e Pimentel reiterou "que não podia levantar a restrição".

O conflito começou na semana passada, quando o Governo brasileiro impôs restrições à importação de veículos de todo o mundo, embora a medida tenha sido interpretada pela Argentina como uma represália às barreiras que esse país impôs aos alimentos procedentes do Brasil.

A titular da Indústria enviou uma dura carta ao seu colega brasileiro, na qual defendeu as medidas de proteção comercial adotadas pela Argentina e acusou o Brasil de impor múltiplas barreiras às exportações argentinas.

O Governo argentino classificou a medida de "intempestiva e sem aviso" e advertiu que a resolução afeta 50% do comércio bilateral.

Pimentel convidou Débora para se reunirem em Foz do Iguaçu para discutir a questão, embora com a condição de que Brasília levante as restrições impostas.

O brasileiro rejeitou nesta segunda-feira que as desavenças tenham acarretado a ruptura no diálogo com a Argentina, e afirmou que o encontro com a ministra será realizado provavelmente na próxima semana.

Em discurso, o ministro brasileiro reiterou que as medidas anunciadas na quinta-feira passada têm como objetivo defender a indústria local e não prejudicar o país vizinho.

A norma, que estabelece a implantação de licenças não-automáticas para a liberação nos portos e fronteiras de veículos automotores importados, despertou também a preocupação dos fabricantes de automóveis da Argentina.

O presidente da Associação de Fabricantes de Veículos Automotores da Argentina (Adefa), Aníbal Borderes, alertou nesta terça-feira sobre as consequências que as medidas adotadas pelo Brasil podem ter no mercado local, e exortou aos Governos de ambos os países a maximizar esforços para chegar a um acordo que permita superar rapidamente as diferenças.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaAutoindústriaIndústriaIndústrias em geral

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação