FGV: a Sondagem do Consumidor coletou informações de 1.712 domicílios com entrevistas entre 2 e 23 de janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 10h49.
A confiança do consumidor recuou 2,7 pontos em janeiro deste ano em relação a dezembro de 2020, na série com ajuste sazonal, informou nesta terça-feira a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) foi a 75,8 pontos, no menor nível desde junho, quando começou a recuperação após o pior momento do indicador, causado pela pandemia de covid-19. Em médias móveis trimestrais, o ICC caiu 2,2 pontos.
Foi a quarta queda seguida no ICC, segundo a FGV, na esteira da segunda onda da pandemia e do fim do auxílio emergencial para trabalhadores informais. "O recrudescimento da pandemia e a necessidade de adoção de medidas mais restritivas por algumas cidades geram grande preocupação com os rumos da situação econômica do país e das famílias.
Sem o suporte dos benefícios emergenciais, as famílias continuam postergando consumo e dependendo da recuperação do mercado de trabalho, que tende a ser lenta diante do cenário atual", diz a nota divulgada pela FGV.
Em janeiro, houve piora tanto da percepção dos consumidores em relação ao momento atual quanto das expectativas para os próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA) cedeu 1,6 ponto para 68,1 pontos, o menor nível desde maio passado (65,0 pontos), enquanto o Índice de Expectativas (IE) recuou pelo quarto mês consecutivo, desta vez em 3,5 pontos, para 82,1 pontos.
Entre os quesitos que compõem o ISA, o indicador que mede a percepção dos consumidores em relação à situação econômica geral caiu 1,5 ponto em janeiro, para 72,6 pontos, terceira queda consecutiva. "A percepção de piora da situação corrente é ainda mais evidente na satisfação com as finanças familiares, cujo indicador recuou 1,8 ponto para 64,1 pontos, menor nível desde maio de 2020 (58,8 pontos)", diz a nota da FGV.
Já entre os componentes do IE, o indicador que mede as perspectivas sobre a economia foi o que mais contribuiu para a queda do ICC no mês. O recuo foi de 5,1 pontos, para 102,3 pontos, a maior variação negativa num mês desde abril passado, quando a queda foi de 18,0 pontos, e o ICC atingiu o mínimo histórico.
"Em relação às perspectivas sobre a situação financeira das famílias, após três meses de quedas consecutivas, o indicador acomodou em janeiro, ao variar apenas 0,2 ponto e passar a 87,6 pontos. Com perspectivas mais pessimistas, consumidores sinalizam também um menor ímpeto de compras, cujo indicador registrou queda de 4,8 pontos, para 58,9 pontos, menor patamar desde julho de 2020 (56 pontos)", diz a nota da FGV.
Na análise desagregada por faixas de renda, só não houve recuo da confiança para as famílias com renda de até R$ 2,1 mil, cujo ICC aumentou 3,2 pontos. Segundo a FGV, isso pode ser explicado pelo fato de, em dezembro, o ICC das famílias de menor renda ter caído 8,7 pontos. Além disso, o ICC das famílias com renda até R$ 2,1 mil seguem registrando o menor nível entre todas as faixas de renda.
Já entre as famílias de maior poder aquisitivo, o ICC diminuiu 3 1 pontos, "influenciado pela piora nas expectativas em relação à situação econômica e ao mercado de trabalho", diz a nota da FGV.
A Sondagem do Consumidor coletou informações de 1.712 domicílios com entrevistas entre 2 e 23 de janeiro.