Indústria: Indicador de Confiança da Indústria cresceu 1,9% no mês de janeiro (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de janeiro de 2015 às 14h10.
São Paulo - O Indicador de Confiança da Indústria (ICI) melhorou um pouco, mas o preço dessa melhora foi a paralisação da produção industrial no quarto trimestre de 2014, avaliou o superintendente-adjunto para Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloísio Campelo, ao comentar o crescimento de 1,9% do ICI, um dos indicadores da Sondagem da Indústria da Transformação feita pela FGV, após de ter caído 1,5% em dezembro.
Na prática, de acordo com Campelo, foram dois os principais impulsos para a melhora da confiança da indústria.
O primeiro foi a redução dos estoques na passagem do final de 2014 para janeiro em função da retomada da produção, na margem, interrompida no quarto trimestre.
O segundo motivo de melhora veio do câmbio, que, ao se estabilizar próximo de R$ 2,60, passou a incutir no empresário industrial a sensação de que o setor deverá, de alguma forma, ficar protegido, na esteira da possibilidade de exportar um pouco mais.
"Ou seja, a indústria já fez o ajuste agora e saiu do fundo do poço, que foi em setembro do ano passado", disse Campelo, acrescentando que também contribuiu para o avanço do ICI na margem a definição do quadro eleitoral.
Em setembro do ano passado, a economia como um todo estava na expectativa de qual seria o desfecho eleitoral.
Ainda com relação ao câmbio, a FGV viu nas afirmações dos empresários o sentimento de que o dólar continuará mais alto em 2015.
Já para horizontes mais longos de três e seis meses à frente, o quadro muda, afirmou o superintendente da FGV.
E neste aspecto, as melhoras que determinaram o crescimento da confiança de dezembro para janeiro (na margem) não foram suficientes para construir um novo cenário de aceleração.
"Por isso, quando a FGV pergunta para os empresários sobre suas expectativas para os próximos meses o que se vê são incertezas", ponderou Campelo.
As incertezas quanto aos próximos meses, de acordo com o superintendente, estão, entre outras coisas, relacionadas às crises hídrica e energética. E isso tem afetado as expectativas com relação ao emprego.
Pelo que apurou a FGV, em janeiro completaram nove meses seguidos com o maior número de empresários dizendo que vão demitir mais do que contratar.
"Neste quesito, o maior número de pessoas dizendo que ia demitir mais do que contratar só se viu na crise econômica de 2008/2009", contou Campelo.
Para o período dos próximos três meses, o único quesito que apresenta melhora na Sondagem Industrial é a produção.
Mas isso, segundo a FGV, se dá mais pela redução dos estoques na esteira da interrupção da produção no fim do ano passado do que por uma recuperação de fato da atividade industrial.