Trabalhadores em construção: o pessimismo mais acentuado entre o empresariado do segmento indica uma continuidade do movimento de redução da atividade e do emprego (hxdbzxy/ThinkStock)
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2015 às 08h34.
São Paulo - O Índice de Confiança da Construção (ICST) recuou 6,1% em janeiro na comparação com dezembro, para 90,8 pontos, na série com ajustes sazonais, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV), nesta terça-feira, 27.
É o pior nível já registrado na série histórica, que começou em julho de 2010. Na comparação com janeiro de 2014, o ICST registrou retração ainda mais forte, de 21,3%.
"Depois de anos lidando com a falta de mão de obra qualificada, o empresário da construção agora vê como maior problema a demanda fraca em todos os seus segmentos. Assim, a forte retração do emprego observada no último trimestre de 2014 não deve ser compensada nos próximos meses", observa Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção da FGV/IBRE.
Para ela, o pessimismo mais acentuado entre o empresariado do segmento indica uma continuidade do movimento de redução da atividade e do emprego no setor.
Em janeiro, o recuo do índice em relação a dezembro do ano passado decorreu tanto da piora da percepção em relação à situação corrente dos negócios como sobre os próximos meses.
O Índice da Situação Atual (ISA), que havia caído 1,8% em dezembro na margem, teve recuo de 7,5%, em janeiro, passando a 81,9 pontos.
Já o Índice de Expectativas (IE) caiu para 99,6 pontos em janeiro, de 104,8 pontos em dezembro, uma variação negativa de 5,0%. A FGV destaca que os dois componentes também atingiram os menores níveis da série histórica.
A situação atual dos negócios, que caiu 9,8% na margem, foi o principal fator que puxou o ISA para baixo. O indicador que mede a evolução recente da atividade recuou 4,9% e também contribuiu para o movimento.
Quanto ao IE, houve queda nos dois componentes: o que mede a situação dos negócios para os seis meses seguintes foi o que mais pesou, com retração de 5,9% na passagem de dezembro para janeiro, chegando aos 105,1 pontos.
O índice que mede a expectativa de evolução da demanda para os próximos três meses caiu 3,9% na margem.
Metodologia
Este é o terceiro mês em que a FGV divulga a taxa de variação do ICST em base mensal com ajuste sazonal. A mudança na metodologia e na forma de divulgar os dados, antes trimestral, ocorreu a partir de novembro "em virtude do tamanho relativamente reduzido das séries desta pesquisa".
Segundo a instituição informou no mês passado, os números serão revisados a cada mês até que se atinja maior estabilidade nos resultados. O economista Itaiguara Bezerra, da FGV, afirma que a mudança na metodologia foi feita "para uma melhor análise dos dados".