Economia

Confiança cai e PIB do 2º trimestre pode ser negativo

Entre janeiro e março, a economia cresceu apenas 0,2% em relação ao 4º trimestre se 2013


	Consumidores fazem compras em uma rua de comércio popular em São Paulo
 (Ricardo Corrêa/EXAME.com)

Consumidores fazem compras em uma rua de comércio popular em São Paulo (Ricardo Corrêa/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2014 às 09h22.

São Paulo - A queda forte e generalizada em maio dos índices que medem a confiança de consumidores e de empresários da indústria, do comércio, de serviços e da construção, que respondem por 60% da economia, indica um desempenho ainda pior do Produto Interno Bruto (PIB) neste trimestre, com risco de atingir um resultado negativo.

Entre janeiro e março, a economia cresceu apenas 0,2% em relação ao 4º trimestre se 2013, descontado o comportamento típico do período, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Há uma piora na percepção da conjuntura captada pelos índices de confiança que pode se transformar numa desaceleração ainda maior do PIB, que cresceu só 0,2% no 1º trimestre. Isso significa que podemos ter resultado negativo no PIB do 2º ou do 3º trimestres, na comparação com período imediatamente anterior", afirma Aloisio Campelo, superintendente de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia, responsável pelos índices de confiança da FGV.

Para chegar a essa conclusão, Campelo observou num período de quase dez anos uma forte correlação entre o comportamento da confiança dos empresários da indústria, comércio, serviços e construção e o resultado efetivo do PIB.

Isto é, constatou que, quando a confiança aumenta em relação ao trimestre anterior, descontados os efeitos sazonais, a economia cresce e vice-versa.

Em 22 trimestres acompanhados desde o 3º trimestre de 2008, Campelo observa que o PIB e a confiança não seguiram a mesma direção em apenas um trimestre, o segundo de 2013, quando a confiança caiu e o PIB se acelerou.

Mas, no trimestre seguinte, o PIB recuou e seguiu a confiança, afetada pelas manifestações de junho de 2013.

Naquela ocasião, o descasamento ocorreu porque a economia ainda recebia estímulos ao consumo e havia crescimento por causa da aceleração da atividade no final do trimestre anterior.

Neste segundo trimestre, no entanto, a economia herdou a desaceleração do final do 1º trimestre, os estímulos ao consumo estão sendo retirados e os juros ao consumidor estão em rota ascendente.

Reflexos

"A queda dos indicadores de confiança em abril e maio e a perspectiva negativa para este mês, por causa das paralisações com a Copa, vão ter um impacto bastante negativa no PIB do 2º trimestre", diz o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.

Após o fraco resultado do 1º trimestre, ele reduziu de 1,2% para 0,8% a taxa de crescimento do PIB do 2º trimestre em relação a igual período de 2013. No 1º trimestre, o PIB cresceu 1,9% ante o mesmo período de 2013.

Assim como Campelo, Vale considera os índices de confiança um indicador antecedente do PIB.

Nas suas contas, a confiança do consumidor e dos empresários do comércio, da indústria, do setor de serviços e da construção civil caiu 10% entre janeiro e maio. "Como a confiança tem forte relação com o PIB, este será mais fraco no segundo trimestre."

Também para o assessor econômico da Fecomércio- SP, Altamiro Carvalho, a queda de 25% da confiança do consumidor em maio em relação a mesmo mês de 2013, indica um segundo trimestre bem mais fraco, afetado principalmente pelo baixo desempenho do comércio.

"O varejo teve problemas em abril e maio. Temos quase certeza". Em 2013, o PIB do 2.º trimestre cresceu 1,6% em relação ao trimestre anterior. Para Carvalho, o resultado deste ano deve ficar entre 0,4% e 0,6%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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