Homem joga Pokémon Go: o jogo foi um sucesso e fez as ações da Nintendo dispararem (Reuters/Mark Kauzlarich)
João Pedro Caleiro
Publicado em 26 de julho de 2016 às 13h03.
São Paulo - A febre do Pokémon Go teve um beneficiário improvável: a Noruega, de acordo com o jornal The Local.
O fundo soberano norueguês, criado para aplicar o dinheiro do petróleo, investe na Nintendo desde 1998 e tem 0,73% de participação na empresa, segundo o último balanço divulgado no final de 2015.
Esse acabou se mostrando um ótimo investimento desde que as ações da Nintendo começaram a disparar com o sucesso do Pokemon Go, aplicativo que deixa o usuário capturar com a câmera do smartphone pokemóns espalhados por cenários reais.
Disponível nos Estados Unidos desde o último dia 06, o aplicativo está sendo introduzido nos outros mercados e deve chegar no Brasil no próximo domingo, dia 31, segundo o site MMO Server Status.
O sucesso foi tão estrondoso que as ações da Nintendo chegaram a dobrar de valor no espaço de uma semana; em dado momento, ela valia mais até do que a Sony.
A própria empresa tratou de conter o hype. Na sexta-feira após o fechamento do mercado, divulgou um comunicado lembrando que o jogo é uma parceria com a desenvolvedora americana Niantic e com a Pokemon Company, onde sua participação é de 32%.
Por isso, o impacto efetivo do jogo nos livros da Nintendo será limitado. Quando perceberam isso, os investidores puniram a empresa com a maior queda nas ações em mais de 25 anos.
Hoje elas já reagiram um pouco, e de qualquer forma, a empresa segue valendo muito mais do que antes do lançamento, já garantindo ao fundo noruguês uma boa parcela de ganhos.
Histórico
O fundo soberano da Noruega foi criado em 1995 para garantir que o dinheiro dos impostos e concessões do setor de petróleo não entrasse automaticamente na economia real, o que causaria o risco de superaquecimento.
O cofrinho é maior do que o próprio PIB e transformou todos os noruegeses em virtuais "milionários" na moeda local (o kroner), mas o governo não não pode retirar mais do que 4% do fundo por ano para financiar seu orçamento.
Os gestores do fundo se comprometem com uma taxa de retorno anual de 4%. Para isso, investem em ações e títulos nos mercados - estima-se que o fundo detenha 1,25% do valor de mercado de todas as companhias do mundo.
O problema é que a queda do preço do petróleo desde meados do ano passado está punindo as finanças e o crescimento de todos os países produtores.
Øystein Olsen, presidente do Banco Central da Noruega, disse em fevereiro que o "inverno havia chegado" para o país:
"A queda dos preços de petróleo vai reduzir a riqueza nacional. O fundo pode estar próximo do seu pico. Retornos futuros também são incertos. Contra este cenário, aumentar o gasto não é um caminho viável a ser tomado".