Gim tônica e os seus ingredientes (NotFromUtrecht/Wikimedia Commons)
João Pedro Caleiro
Publicado em 23 de junho de 2018 às 08h00.
Última atualização em 26 de março de 2019 às 19h57.
São Paulo – O gim se tornou o novo queridinho do brasileiro.
Enquanto o mercado de destilados ficou estacionado em 2017, o volume de vendas de gim subiu 66% e atingiu 1,8 milhão de litros, segundo dados da Euromonitor International.
“Há alguns anos já se fala nessa tendência, mas antes ela estava focada nos grandes centros e no eixo Rio-São Paulo, que é mais internacionalizado, e foi só em 2017 que ela atingiu um patamar nacional”, diz Angélica Salado, analista de bebidas da consultoria, para EXAME.
Segundo ela, uma das razões para o boom do gim no Brasil foi a entrada de novas marcas no mercado, tanto nacionais quanto internacionais.
Outra vantagem é que bebida se concentra em faixas de preço intermediárias e o brasileiro, para economizar em meio à crise econômica, tem preferido beber dentro de casa ao invés de em bares e restaurantes.
As marcas de gim mais consumidas no Brasil são, na ordem, Seagers, Tanqueray, Gordon’s e Beefeater.
“Não há uma marca muito acessível, como acontece com a vodca ou a cachaça, mas também não há opções extremas como o uísque, com garrafas a mais de mil reais”, diz Angelica.
Apesar da alta, a participação do gim ainda é de apenas 1% do mercado de destilados, contra 70% da líder absoluta, a cachaça.
Mas o aumento de vendas já foi suficiente para alçar o país da 27ª para a 22ª posição entre os maiores mercados globais da bebida em 2017.
A previsão da consultoria é que o volume vendido no Brasil siga crescendo, mas menos: um ritmo de 17% por ano até 2022, suficiente para alçar o Brasil para a 17ª posição global.
Internamente, isso tornaria o gim tão importante quanto o uísque, com 5% do mercado de destilados cada, também até 2022. Quem perde espaço neste cenário é a vodca.
Para as marcas, a receita para manter o sucesso é mostrar para os consumidores que há muitas outras formas de tomar gim além do gim tônica.
“Falta ao brasileiro o conhecimento de como inovar e preparar receitas diferentes. O grande desafio é diversificar as opções de drinques para que o gim não caia na mesma armadilha da cachaça, muito atrelada à caipirinha”, diz Angelica.
Ela também cita o exemplo do Aperol, sempre associado ao drinque Aperol Spritz, que viveu entre 2012 e 2014 um pico também muito ligado ao marketing e que depois começou a cair.
Veja quais são os 10 países que mais consomem gim no mundo: