Economia

Como deve ser o novo braço direito de Mantega?

Ex-integrantes do Ministério da Fazenda destacam algumas características desejáveis para o novo secretário executivo do Ministério da Fazenda


	Ministério da Fazenda: Após anúncio da saída de Nelson Barbosa, o novo secretário ainda não foi definido
 (Arquivo/Editora Abril)

Ministério da Fazenda: Após anúncio da saída de Nelson Barbosa, o novo secretário ainda não foi definido (Arquivo/Editora Abril)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2013 às 18h01.

São Paulo – Nessa semana, o Ministério da Fazenda confirmou que o atual secretário executivo, Nelson Barbosa, irá deixar o cargo em junho. Dyogo de Oliveira, atual secretário-executivo-adjunto, irá assumir o cargo interinamente se necessário, e o novo secretário ainda não foi definido. Para saber como deveria ser o número dois na pasta do ministro Guido Mantega, três economistas que já integraram o Ministério da Fazenda destacaram em conversa com Exame.com algumas características desejáveis para o novo secretário.

Para o ex-ministro da fazenda Maílson da Nóbrega (que já exerceu o cargo de secretário duas vezes, em 1977 e em 1987, quando a denominação era de secretário geral), o cargo de secretário executivo deveria ser exercido por alguém com grande capacidade de articulação, amplo conhecimento da máquina administrativa e que, de preferência, tivesse sólidos conhecimentos de economia

Para Mailson, o exercício do cargo pressupõe o domínio dos problemas da pasta e do país, habilidades de gestão, percepção dos desafios e conhecimento dos meandros da administração. “O posto exige capacidade de coordenação nas diversas políticas a cargo da Fazenda, incluindo o entendimento de alto nível com as secretarias de Fazenda dos Estados, particularmente em questão atinentes ao ICMS”, disse. 

“No governo, quem faz o cargo é o homem”, disse Cláudio Adilson Gonçalez, que já foi chefe da assessoria econômica do Ministério da Fazenda durante o governo Sarney e hoje é sócio-diretor da MCM. Gonçalez usa a frase para explicar que Nelson Barbosa, apesar de ocupar uma função com caráter mais executivo, se transformou aos poucos no principal formulador de política econômica do governo Dilma fora do Banco Central. E o novo secretário deveria assumir esse papel. “Não vejo dentro da equipe econômica atual, exceto no Banco Central, ninguém com o perfil do Nelson Barbosa para substitui-lo, por isso imagino que possa vir alguém de fora”, afirmou. 

Já para Maílson da Nóbrega, quem quer que seja o substituto de Barbosa, tenderá a ter um papel secundário. “Na verdade, quem manda na política econômica é Dilma. E, pelo que se vê, o seu oráculo na Fazenda é Arno Agostin, tido como o homem de sete instrumentos. Ele parece ser atualmente o cérebro por trás das estratégias que a presidente adota”, afirmou.  

O perfil do secretário executivo depende da estrutura da equipe do Ministério da Fazenda, segundo Amaury Bier, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda (de 1999 até 2002), hoje sócio na Gávea Investimentos. “Penso que o Nelson sempre teve um papel importante na formulação mesmo sendo um bom executor, se ele sair e entrar alguém mais preocupado com execução, talvez falte um formulador”, afirmou. Nesse caso, a formulação poderia ficar a cargo do secretário de política econômica, segundo Bier.


Nesse momento em que não há definição sobre quem ocupará o cargo, Gonçalez manifestou a preocupação de que a qualidade da política econômica piore. “Tenho uma visão de política econômica oposta a do Nelson Barbosa, mas ele tinha o mérito de ser moderado”, afirmou. 

Entre os maiores desafios do novo secretário, Bier destacou as discussões da infraestrutura, da reforma tributária e também a política macroeconômica, “que poderia ter outros contornos”, segundo o ex-secretário. “Trabalho não falta, tem aos montes”, disse. 

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