Economia

Como brasileiros podem tropeçar no abismo fiscal americano

Sem aprovação do alívio fiscal, consultor estima redução do investimento de empresas e de remessas financeiras para o Brasil

Alpinistas se preparam para descer o Grand Canyon: brasileiros podem tropeçar no abismo fiscal americano (John Moore/Getty Images)

Alpinistas se preparam para descer o Grand Canyon: brasileiros podem tropeçar no abismo fiscal americano (John Moore/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2012 às 10h12.

São Paulo – O chamado “abismo fiscal” tem sido o principal assunto no mundo econômico nas últimas semanas. O termo é usado para descrever o que pode acontecer se alguns atos de isenção fiscal aprovados nos Estados Unidos, aprovados há alguns anos, não forem renovados em breve.

O risco assusta pois existe uma dificuldade em conseguir uma proposta comum entre o governo Democrata, de Barack Obama, e o congresso de maioria republicana, que precisa aprovar qualquer mudança.

O risco maior está nos Estados Unidos, mas o abismo também pode ter efeitos no Brasil. Bruno Drummond, da Drummond CPA, consultoria em Boston para empresas que atuam nos mercados brasileiro e americano, explica alguns desses possíveis efeitos no Brasil:

Remessas financeiras

Se o alívio fiscal não for aprovado, voltam para pessoas físicas as alíquotas anteriores, maiores que as atuais. Além disso, o contribuinte terá um aumento em outras taxas, como a cobrada pelo “social security”, equivalente ao INSS no Brasil. O aumento de impostos e taxas pode causar uma redução no poder de compra dos consumidores.

Drummond destaca que hoje há uma grande colônia de brasileiros morando nos Estados Unidos. “Isso é tão claro que bancos brasileiros já estão entrando no país”, diz. Com a redução do poder de compra, as remessas de dinheiro por esse público para o Brasil pode diminuir, estima Drummond.

Redução de investimentos

Com a queda no poder de compra, também pode cair o consumo da população, gerando um impacto no bolso das empresas. “Podemos começar a ver uma redução do apetite empresarial americano para investimentos no Brasil”, diz o consultor. Além disso, o consumo de produtos e serviços brasileiros nos Estados Unidos também pode ter redução.

Menos imóveis na Flórida

Com o estouro da bolha imobiliária americana, os brasileiros descobriram o mercado imobiliário no Estado da Flórida, especialmente na cidade de Miami, com imóveis muito mais baratos que os vendidos no Brasil, e se tornaram um dos principais investidores nesse mercado. “Com a redução do consumo, esse tipo de investimento também tende a diminuir”, aponta Drummond.

Acompanhe tudo sobre:abismo-fiscaleconomia-brasileiraEstados Unidos (EUA)Países ricos

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto