Porto de Santos: em abril, devido ao incêndio, as exportações pelo terminal marítimo caíram 58,5% em relação ao mesmo mês do ano passado (Germano Lüders / EXAME)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2015 às 18h13.
Brasília - A queda no preço das commodities (bens primários com cotação internacional) e o incêndio no Porto de Santos, que paralisou por cerca de dez dias as atividades no maior terminal marítimo da América Latina, são as principais razões da queda das exportações em abril. A avaliação é do diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Herlon Brandão.
No mês passado, as exportações brasileiras caíram 23,2% em relação a abril do ano passado pela média diária.
Em relação às commodities, os destaques negativos são o minério de ferro, cujo preço internacional está nos menores níveis desde 2008, e a soja, cuja safra está atrasada em relação ao ano passado e que também tem sofrido queda no preço.
Em relação ao minério de ferro, a queda de preço anulou o recorde na quantidade exportada. Nos quatro primeiros meses do ano, o volume exportado do produto subiu 12%, o preço porém despencou 51%.
A quantidade exportada de soja em grão recuou 24,3%, enquanto o preço caiu 22%.
De acordo com Brandão, parte da queda dos embarques de soja está relacionada ao atraso na safra. “Por fatores climáticos, a safra neste ano está vindo mais tarde. Mas a gente espera que, a partir de maio, as exportações de soja aumentem de forma significativa”, declarou.
Outra parte está relacionada ao incêndio no Porto de Santos. Em abril, as exportações pelo terminal marítimo caíram 58,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, com destaque negativo para es embarques de soja, que recuaram 85% na mesma base de comparação.
Na última semana, os preços internacionais do minério de ferro subiram fortemente, após o anúncio de que uma das maiores mineradoras do mundo suspendeu novos projetos. O diretor do ministério diz, no entanto, que o efeito dessa melhora vai demorar a chegar à balança comercial brasileira.
“O ministério se baseia nos preços de exportação, não nas cotações das bolsas de valores. As exportações de agora seguem preços de contratos assinados há alguns meses. Se a tendência de recuperação do preço internacional persistir, somente a partir de junho se refletirá na balança comercial”, explicou Brandão.
Apesar de acumular déficit comercial de US$ 5,066 bilhões nos quatro primeiros meses do ano, Brandão manteve a estimativa de que o país fechará 2015 com as exportações maiores que as importações.
Segundo ele, a desaceleração da economia interna e a diminuição da demanda por combustíveis farão o país importar menos, compensando a redução das exportações.
Em relação ao dólar, que acumula alta de cerca de 15% neste ano, o diretor disse que o câmbio só beneficiará definitivamente as exportações quando a cotação se estabilizar. “Os exportadores precisam de uma taxa estável para ter previsibilidade para fechar contratos”, declarou.