Economia

Commodities e demanda afetam confiança da indústria

Índice de Confiança da Indústria caiu 2,5% em junho, menor nível atingido desde dezembro de 2008

Apenas um setor da indústria apontou para alta na confiança em junho (Regis Filho)

Apenas um setor da indústria apontou para alta na confiança em junho (Regis Filho)

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Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2011 às 15h32.

São Paulo - A combinação da desaceleração dos preços das commodities com a percepção do desaquecimento da demanda doméstica, em resposta ao aumento da taxa de juros e o encarecimento do crédito pelas medidas macroprudenciais adotadas pelo governo federal, afetaram fortemente a confiança da indústria na passagem de maio para junho. A avaliação é de Aloisio Campelo, coordenador do Índice de Confiança da Indústria (ICI), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que caiu 2,5% em junho, passando de 109,9 pontos para 107,1 pontos. É o menor nível atingido desde dezembro de 2008, quando se agravou a crise internacional. Naquele mês, o ICI caiu 7,1% para 75 pontos (numa série iniciada em 2003).

"Houve uma descompressão dos preços das commodities, que, somada a um período mais fraco das vendas, levou a indústria a perder um pouco da confiança", disse Campelo. Ele acrescentou que, na comparação com maio, houve uma generalização de queda dos diversos segmentos da indústria. Dos 14 setores pesquisados para o ICI, em maio, oito apontavam para alta da confiança nos três meses seguintes, incluindo maio. Um apontava para estabilidade e cinco, para queda. Já em junho apenas um setor (não informado) apontava para confiança em alta, enquanto dois outros apontavam para estabilidade e o restante, queda.

Outro indício, na avaliação de Campelo, de que os preços das commodities e a demanda mais fraca influenciaram a queda do ICI é a confirmação de que o Índice da Situação Atual (ISA) foi o que mais contribuiu para o desempenho negativo da confiança dos empresários. O ISA caiu 3,5% de maio para junho para 107,7 pontos, o menor desde outubro de 2009, quando estava em 105,1 pontos. Sozinho esse indicador contribuiu com 44,7% da queda do ICI.

Campelo destacou que, ao contrário do que muitos analistas pregam no mercado financeiro, não é a demanda externa o fator que mais contribui para a queda da confiança da indústria. A demanda externa, que é um dos itens pesquisados pelo índice, que vinha caindo até abril, subiu para 98,4 pontos em junho ante 95,9 pontos em maio.

O coordenador do índice observou ainda que a queda do ICI não é preocupante porque o índice ainda continua acima de sua média histórica que é de 104 pontos. "O ponto relativizante é que o ICI está acima de sua média histórica. A queda de junho não é atípica, mas condizente com o período de aperto monetário, ainda que gradual", afirmou Campelo.

Na relação entre o ICI e a produção física da indústria, segundo ele, a confiança do setor está caindo menos que a produção industrial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde abril de 2010. O terceiro trimestre, segundo ele, deve começar com a confiança fraca e a produção da indústria perdendo ainda mais fôlego. Já para o quarto trimestre, depois que o consumidor ajustar suas contas, mesmo com a política de aumento de juros, deverá haver uma recuperação da confiança, de acordo com Campelo.

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